A bebida que esquenta, estimula e desperta faz bem para o corpo e para a economia. Em comemoração ao Dia Nacional do Café, em 24 de maio, a Secretaria de Agricultura e Abastecimento (SAA) do Estado de São Paulo lista 10 curiosidades sobre a bebida que é preferência nacional e a segunda mais consumida no mundo - só perde para a água. O Dia Nacional do Café foi oficializado pela Associação Brasileira da Indústria do Café (Abic), em 2005, e sua escolha coincide com o período de início da colheita na maior parte das regiões cafeeiras do Brasil, que é o maior produtor e o maior exportador de café verde no mundo e também o segundo maior consumidor de café do planeta.
Pesquisa científica com café se iniciou nos tempos do Império
Referência em estudos com cafeeiros, o Instituto Agronômico (IAC), de Campinas, da Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo, foi fundado por D. Pedro II, em 1887, justamente para estudar os problemas que atingiam o café naquela época. De lá para cá, o IAC nunca mais interrompeu seus estudos e desenvolveu 67 cultivares. O Instituto é responsável também por estudos com café naturalmente sem cafeína, colheita, produtividade e resistência a pragas e doenças, além de qualidade da bebida, característica que conquista fãs mundo afora.
São do IAC as cultivares mais plantadas nos cafezais nacionais e paulistas: chamadas Mundo Novo, Catuaí Vermelho e Catuaí Amarelo; juntas, elas representam cerca de 80% do café arábica produzido no Brasil. O tipo arábica é aquele usado para produzir a bebida nas casas dos brasileiros. A produção nacional responde por 2/3 do volume mundial desse tipo de café.
Café é um dos principais produtos do agro paulista e brasileiro
Entre de 35% e 40% do café consumido no mundo são produzidos no Brasil, segundo dados do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA), sendo que em 2020 o país deve ter safra recorde, de 70 milhões de sacas, aproximadamente. Na B3, o café é um dos contratos futuros mais comercializados diariamente. Em São Paulo, o café ocupa o quinto lugar no valor da produção agropecuária do Estado e em seu porto de Santos há o embarque de 80% do café exportado. "Temos em São Paulo mais de 17 mil imóveis rurais que produzem café e somos o estado que mais consome a bebida", afirma Celso Vegro, pesquisador do Instituto de Economia Agrícola (IEA), da Agência Paulista de Tecnologia dos Agronegócios (APTA).
Café é desenvolvimento
No Estado de São Paulo, a cultura foi responsável pelo desenvolvimento de vários setores, por exemplo, as ferrovias, destinadas ao escoamento da produção, lembra Sérgio Parreiras Pereira, pesquisador do IAC. "Nosso Estado reúne o maior volume de café industrializado do Brasil e o maior mercado brasileiro de cafés especiais, sendo que está no IAC o programa de pesquisa de cafés especiais", afirma Pereira.
Cidade de São Paulo tem um dos maiores cafezais urbanos do Brasil
São Paulo é um dos Estados mais tradicionais no cultivo de café e sua produção é distribuída em duas regiões: Mogiana e Centro-oeste. O que muita gente não sabe é que na capital paulista existe um dos maiores cafezais urbanos do País, com dois mil pés de café arábica plantados em sistema orgânico. O cafezal fica na sede do Instituto Biológico (IB-APTA), órgão de pesquisa ligado à SAA. Anualmente, no local é realizado o evento Sabor da Colheita, em que o público pode conhecer o espaço e colher café no pé. Neste ano, em razão da pandemia do novo coronavírus, a festa foi cancelada.
Maior coleção de plantas vivas de café do Brasil fica em SP
A Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo mantém em Campinas, no IAC, o mais importante banco de germoplasma de café do Brasil, onde são preservadas 15 espécies das cerca de 126 existentes no mundo. A coleção de plantas vivas é essencial para a realização de estudos - sem elas, não se faz pesquisa e sua manutenção requer muito trabalho e investimento. "Existem no mundo cerca de 126 espécies de café; 57 delas endêmicas em Madagascar; a grande maioria das demais encontra-se distribuída pelo continente africano e, umas poucas, na Ásia", diz Oliveiro Guerreiro, pesquisador do IAC.
Café ajuda a prevenir doenças
Pesquisas realizadas em países como o Brasil, os Estados Unidos e o Japão, bem como em continentes como o europeu, revelam que o consumo moderado de café de boa qualidade pode fazer muito bem à saúde, prevenindo algumas doenças como o mal de Parkinson, o câncer de cólon, o diabetes e a cefaleia. Os benefícios se devem às propriedades antioxidantes e à proteção dos neurônios. Segundo nutricionistas da Secretaria de Agricultura, quando o café é processado, os ácidos clorogênicos tornam-se quinídeos, atuantes no sistema nervoso central, melhorando o estado de humor e o mecanismo de gratificação, prevenindo o aparecimento de depressão.
Bebida pode ser consumida por estudantes de todas as idades
A cafeína presente no café estimula a vigília, a concentração, o aprendizado e a memória. A bebida pode ser consumida por crianças e, principalmente, por estudantes de todas as idades, de acordo com nutricionistas da SAA, que lembram ser preciso consumir de forma moderada, pois, em excesso, pode causar insônia, dor de cabeça e diarreia.
Nutricionistas recomendam consumo de três a cinco xícaras de café por dia
A ingestão diária recomendada da bebida é de três a cinco xícaras pequenas, por dia, o que corresponde a 150 a 300mg de cafeína/dia, aproximadamente. Não há nenhuma evidência de que o consumo moderado de café, por indivíduos saudáveis, seja prejudicial. Porém algumas pessoas são mais sensíveis aos efeitos da cafeína e, nesses casos, o consumo deve ser evitado.
Ingrediente obtido da casca do café pode ser usado na indústria de alimentos e de cosméticos
Dentre as pesquisas do Instituto de Tecnologia de Alimentos (ITAL-APTA) destacam-se, junto ao IAC, o desenvolvimento de processo inédito para obtenção de ingrediente fonte de cafeína a partir da casca do café robusta sem o uso de solvente, com pedido de patente depositado no Instituto Nacional da Propriedade Industrial (INPI). O ingrediente natural pode ser usado como fonte de cafeína na indústria de alimentos e bebidas não alcoólicas de baixo valor calórico e energético natural, além de ter aplicação na formulação de cosméticos e fármacos naturais.
Para fazer um bom café pode-se ferver a água, sim, mas levemente
Muita gente pergunta qual a receita para se fazer um bom café. Neste quesito, o pesquisador da APTA, Daniel Gomes, dá cinco dicas certeiras. Confira:
1. utilize um bom café. Se tiver acesso a cafés do tipo especial, ótimo. Se não, escolha cafés do Programa de Qualidade do Café (PQC), da Abic, que oferece notas de Qualidade Global (QG) dos cafés vendidos no país.
2. prefira moer os grãos na hora, para obter o máximo de sabor e aroma da bebida.
3. evite usar água clorada, pois ela reage negativamente com os óleos essenciais do café. "Uma pergunta frequente é: pode-se ferver a água? A resposta é sim, desde que levemente, e sempre deixe a água parar de borbulhar antes de usá-la", diz Gomes.
4. Existem diversos métodos de preparo do café, mas a receita padrão é: quatro a cinco colheres (sopa) de pó, para cada litro de água.
5. Bons cafés dispensam açúcar!
Fonte: Fonte: Secretaria da Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo