A Embrapa desenvolveu um banco de dados que reúne informações sobre amostras de amendoim coletadas nas principais regiões produtoras do país, visando identificar potenciais focos iniciais do carvão do amendoim no Brasil. Causado pelo fungo Thecaphora frezzii, o carvão do amendoim foi relatado pela primeira vez na Argentina em meados de 1990 e, desde 2015, tem sido considerada a principal doença da cultura.
Para criação do banco de dados, durante dois anos (safras 2018/19 e 2019/20), foi realizada a coleta de amostras de solo, vagens e grãos das principais regiões produtoras de amendoim do estado de São Paulo. Durante a safra de 18/19 a coleta contou com o apoio oficial do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), e foi feita tanto por auditores fiscais federais agropecuários, quanto, de forma voluntária, por produtores ou cooperativas de produtores de amendoim. Já na safra de 19/20 todas as amostras foram voluntariamente coletadas pelo setor produtivo.
“A constante alimentação do banco será crucial para identificar focos iniciais da ocorrência do patógeno e, a partir dessa identificação, acompanhar sua dispersão ou retração ao longo dos anos, orientando produtores para evitar o plantio em áreas onde o patógeno tenha sido encontrado, subsidiando às autoridades sanitárias para tomada de decisão e provendo a pesquisa com dados diversificados que auxiliarão no melhor entendimento da epidemiologia da doença e, por consequência, na definição das melhores estratégias de combate”, explica o pesquisador da Embrapa Algodão, Dartanhã Soares, que coordena o mapeamento.
O pesquisador também comenta que a participação do setor produtivo tem sido fundamental no sucesso do estudo: “Sem a colaboração do setor, com certeza esse estudo não teria sido possível. Nós sabemos o quão difícil é lidar com pragas que podem tanto causar perdas diretas de produção, quanto resultar na imposição de barreiras fitossanitárias a exportação, e apesar disso, a cadeia produtiva do amendoim tem proporcionado todo a apoio possível a essa iniciativa”.
Por meio de mapas, será possível visualizar os resultados obtidos nas análises das amostras coletadas. “Diferentes cores foram usadas para permitir a rápida visualização dos municípios onde a presença do patógeno tenha sido confirmada ou não. Além de permitir a visualização da distribuição das amostras pelos interessados, o desenvolvimento do banco de dados será útil em estudos futuros visando entender melhor a dinâmica de dispersão do patógeno”, afirma o pesquisador.
Durante as duas safras foram recebidas mais de 1.200 amostras, oriundas de mais de 80 municípios do estado de São Paulo e circunvizinhos, das quais aproximadamente 580 amostras já foram analisadas e inseridas no banco de dados. Clique aqui para acompanhar o Radar – Carvão do Amendoim.