A Atvos, entre as maiores produtoras de etanol do país, teve seu plano de recuperação judicial aprovado hoje em Assembleia Geral de Credores. O documento será levado a homologação do Poder Judiciário.
Aprovado por expressiva maioria dos credores, o plano fortalecerá a estrutura de capital da Atvos que planeja retomar os investimentos com objetivo de alcançar a capacidade de moagem de 35 milhões de toneladas de cana em seis anos. Atualmente, a empresa é responsável por aproximadamente 10% do abastecimento de etanol do mercado brasileiro.
Estabelecido o equilíbrio financeiro, a empresa terá condições para executar seu plano de negócios focado na ampliação e renovação dos canaviais e no aumento da produtividade das unidades industriais. O crescimento da produção permitirá aumentar a geração de caixa e iniciar um novo ciclo de valorização da empresa.
O plano de recuperação judicial prevê ainda a atração de novos investidores e o fortalecimento das práticas de governança com um Conselho de Administração composto por cinco conselheiros, sendo três independentes.
Pagamento a credores
O plano de recuperação judicial especifica condições de pagamentos para as diversas classes de créditos devidos pela empresa. A prioridade é o pagamento dos créditos de fornecedores e parceiros agrícolas. Os pagamentos serão realizados em parcela única, no prazo de 90 dias (para os credores que optarem por receber até R﹩ 50 mil), ou em três parcelas anuais com primeiro pagamento um ano após a homologação do plano aprovado hoje. As dívidas trabalhistas não foram reestruturadas, de modo que não se submeterão ao plano de recuperação judicial e serão regularmente quitadas conforme suas datas de vencimento.
Por meio da transferência de 46% da dívida das unidades operacionais, a alavancagem da empresa será reduzida de seis para cerca de três vezes o valor da dívida líquida em relação ao seu EBITDA. Essa realocação engloba os valores devidos às instituições financeiras que representam 97% do total da dívida. Os 54% da dívida que permanecem nas unidades operacionais terão o primeiro pagamento de juros em junho de 2022 e o primeiro pagamento de principal em dezembro de 2022 com taxa de juros de 115% do CDI.
O plano inclui algumas garantias adicionais aos credores financeiros. Para aqueles que optarem pela conversão de parte de suas dívidas em debêntures com direito a dividendos futuros, os títulos a serem recebidos terão alienação fiduciária de ações da Atvos e dos principais ativos da companhia e cessão fiduciária de dividendos.
Os credores financeiros com garantias poderão converter 46% de suas dívidas nessas debêntures, enquanto os financeiros sem garantia poderão realizar a conversão de 61% das dívidas. Essa opção será oferecida aos credores extraconcursais que resolverem aderir ao plano, com possibilidade de converter 20% das dívidas.
Plano de Negócios
Até a safra 2025/2026, o objetivo é aumentar de 13% para 17% as taxas de renovação do canavial que terá sua idade média reduzida de 3,9 anos para 3 anos. Em relação à expansão, estão previstos 55 mil novos hectares de plantio. Hoje, a empresa administra 498 mil hectares de cana.
A expectativa é alcançar em seis safras a produção de 2,7 bilhões de litros de etanol, 317 mil toneladas de açúcar VHP e 3,6 mil GWh de energia elétrica a partir da biomassa da cana-de-açúcar.
Com a diluição de custos promovidos pelo aumento da moagem, espera-se melhorar de forma significativa a rentabilidade das operações.
Safras 2019/2020 e 2020/2021
A empresa encerrou a safra 2019/2020 com uma moagem total de 26,9 milhões de toneladas de cana-de-açúcar, um crescimento de 1% em comparação com o ciclo de 2018/2019. A empresa produziu 2,14 bilhões de litros de etanol (hidratado e anidro), além de 235 mil toneladas de açúcar VHP e da cogeração de 2,8 mil GWh de energia elétrica a partir da biomassa.
O teor médio de ATR (Açúcar Total Recuperável) registrado no período obteve o melhor resultado histórico da empresa de 133,8 kg/hectare, superando o indicador anterior em 2%. Com um total de 498 mil hectares de canavial, na safra passada plantados 67 mil hectares (considerando plantio próprio e realizado por fornecedores), uma diminuição de 7,6% em comparação à safra passada, decorrente principalmente das restrições de caixa. Dessa área plantada, 92% foram voltados à renovação, fundamental para a empresa atingir sua maturidade operacional.
Para esta safra 2020/2021, a Atvos projeta moer cerca de 26,9 milhões de toneladas de cana nessa nova safra, o suficiente para produzir 1,9 bilhão de litros de etanol e 447 mil de toneladas de açúcar. No período, a empresa deve investir R﹩ 350 milhões em renovação e expansão de canaviais, equipamentos agrícolas e aprimoramentos industriais.