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19/05/2022
Embrapa e a Agricultural Research Organization (ARO) - Volcani Center, órgão de pesquisa governamental, ligada ao Ministério da Agricultura israelense, e responsável por mais de 75% da inovação do país no setor assinaram quinta-feira, 19 de maio, memorando de entendimento que cria oportunidades de cooperação científica entre as instituições.
A formalização da parceria faz parte da programação de missão internacional iniciada dia 8 de maio, sob a coordenação do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) brasileiro. O objetivo é aproximar e fortalecer os vínculos entre o Brasil e nações do Oriente Médio, África e Europa, no desenvolvimento tecnológico para o agro e, principalmente, na busca por soluções aos recentes desafios, como no segmento de fertilizantes. A comitiva contou com a participação de delegados da ApexBrasil e MRE, além do Mapa e da Embrapa.
O acordo foi assinado entre as partes para colaboração em uma série de temas, como uso de drones para a agricultura digital/sensoriamento remoto, microbioma de raízes para a produção de banana (cooperação que já está em a entre a pesquisadora Elisa Korenlbum e a Embrapa Agrobiologia).
Ao longo das discussões, foram abordadas possibilidades de acesso a fundos como o programa Horizon Europe. O presidente Celso Moretti apresentou aos participantes o modelo de avaliação do nível de maturidade dos ativos de inovação, ferramenta gerencial ainda não em uso pelo Volcani Center. Ficou definida a realização de workshop virtual para discussão de projetos conjuntos.
O primeiro acordo entre a Embrapa e o Volcani Center ocorreu em 1994 na área de cooperação científica e técnica na agricultura e produção animal, em especial melhoramento do rebanho leiteiro. Em 2019, novas possibilidades foram identificadas junto às unidades descentralizadas da Embrapa. O Volcani foi a instituição mais citada pelos pesquisadores, em função das áreas de interesse, entre elas irrigação de precisão e gestão de recursos hídricos, incluindo reuso da água, biotecnologia e nanotecnologia (biossensores), pós-colheita, e tolerância ao estresse biótico e abiótico (seca e calor), além de possibilidades nas áreas de bioeconomia, empresas startups.
Para o presidente da Embrapa, Celso Moretti, o balanço da agenda em Israel foi bastante positivo: “Israel investe 4,5% do PIB em C&T - é o país que mais investe, no mundo, em capacitação (65% dos produtores possuem curso superior). Também investe em empresas de base tecnológica, principalmente no agro: são 500 agtechs, num país quase 400 vezes menor que o Brasil e que possui aproximadamente 1500 agtechs”, disse. “O segredo desse desenvolvimento é o estímulo à inovação”, referindo-se ao potencial de transformação da economia nacional. No Brasil são destinados 1,3% do PIB em C&T. “Eles são uma das maiores nações de empresas de base tecnológica do mundo, com mais de 7.100 startups – o correspondente a uma para cada 1.400 habitantes do país”, destacou.
Durante a visita a Israel, a comitiva brasileira esteve em hubs de inovação, como universidades e empresas de tecnologia que reúnem startups. Moretti chamou a atenção ainda sobre a importância do investimento local em tecnologia militar e incentivo aos jovens, o que tem beneficiado o surgimento de empresas, em áreas como monitoramento, imagens de satélite e utilização de drones. “A cooperação, o investimento na formação de recursos, a inovação e a visão estratégica no que querem fazer são os principais pontos que direcionam o desenvolvimento israelense em PD&I”, resumiu.
Troca de experiências e conhecimento tecnológico
Em 15 de maio, a delegação visitou o Ministério da Agricultura e Desenvolvimento Rural de Israel (MOAG), em Beit Dagan. A principal discussão foi sobre a abertura de mercado de frangos em Israel, que possui o maior consumo per capita anual do mundo do produto (69 Kg/pessoa). O governo de Israel explicou sobre a alta eficiência na tecnologia para evitar desperdício de alimentos (a média mundial é de 30%, e, em Israel, segundo o governo, não ultrapassa 0,5%).
O grupo esteve também na Faculdade de Agricultura, Alimentos e Meio Ambiente (Universidade Hebraica de Jerusalém), principal universidade do país. Durante a visita, os brasileiros conheceram as principais linhas de pesquisa, particularmente em alimentos e meio ambiente.
Na segunda-feira, 16, o grupo teve a oportunidade de conhecer a Technion, universidade com forte atuação em inovação. A visita se concentrou na Faculdade de Biotecnologia e Engenharia de Alimentos, onde foram tratados assuntos como alimentos "Plant-based" e produção de alimentos a partir de produtos alternativos, como carne artificial e mel, utilizando cultivo bacteriano.
A instituição mostrou como faz a repartição de ganhos com inovações e como o pesquisador-inventor participa do modelo de negócios da universidade. A instituição historicamente se dedica à reconstrução de tecidos humanos e, com base na tecnologia desenvolvida, como a explorar também a engenharia de tecidos para a produção de alimentos. A organização possui três prêmios Nobel.
Na visita ao Kinnett Innovation Center (KIC), no Vale do Jordão, localizado ao lado do Mar da Galileia, único lago de água doce do país, a delegação brasileira conheceu a experiência de conexão de demandas do setor privado com soluções no mundo acadêmico para geração de startups. Situada fora da capital Tel Aviv, principal área de startups do país, o KIC busca a descentralização de oportunidades. O grupo brasileiro discutiu a iniciativa "Pride - Tambaqui Sustainable Knowledge Center & Mega Aquafarm", a ser executada em Rondônia, com a participação da Embrapa Pesca e Aquicultura, buscando resolver desafios para a inovação na cadeia do tambaqui, que enfrenta importantes demandas tecnológicas para a produção e consumo.
O presidente da Embrapa convidou os representantes da organização a participar do evento de desafio de startups que está sendo organizado pela Embrapa e parceiros.
Na terça-feira, dia 17, foi realizada visita a DesertTech, iniciativa do governo de Israel para construir o ambiente de inovação no ambiente de agritechs. O principal objetivo do DesertTech é enfrentar a escassez de água, no país, que possui 60% de seu território coberto por deserto. No local, foi demonstrado o funcionamento da iniciativa, voltada à promoção do desenvolvimento de tecnologias para o deserto. Áreas em outros países sob severa restrição de água, como o semiárido brasileiro, são de enorme interesse para as agritechs formadas na Israel. Entre os temas discutidos estiveram ecossistemas de inovação e inovação aberta.
Moretti falou sobre os desafios do Brasil para a inovação no semiárido do Brasil e destacou tecnologias desenvolvidas e em desenvolvimento pela Embrapa, para superar estas limitações. Entre elas estão o uso de Bacillus para milho e sorgo, como insumos no contexto da bioeconomia, assim como o melhoramento genético (convencional e biotecnológico) para adaptar plantas ao stress hídrico.
A programação incluiu visita à ApexBrasil, escritório do governo brasileiro em Jerusalém e à Israel Innovation Authority, uma das principais organizações de fomento ao investimento de projetos de inovação, nas etapas de pesquisa e desenvolvimento. Sua atuação é similar à Embrapii, à Financiadora de Estudos e Projetos (Finep) e ao Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas Sebrae no Brasil.
Na quarta-feira, 18, a delegação esteve na organização não-governamental Start up Nation Central (SNC), onde foram apresentadas inovações israelenses com impacto na agricultura, como o tomate cereja e a irrigação por gotejamento. O SNC envolve cerca de 450 empresas de tecnologia inovadora para o agro em Israel, país em que apenas 17% da terra é arável. No dia seguinte, o grupo visitou a Balaid, maior distribuidora de carne (bovina e frango) de Israel e a logística mais moderna do Oriente Médio. A população de Israel consome um milhão por dia.
Agritalks sobre inovação e sustentabilidade
A última etapa da missão internacional será na Europa, entre os dias 21 e 27 de maio. O presidente da Embrapa, durante a abertura da Agritalks, em Madri, participará de diálogos sobre sustentabilidade da agricultura brasileira. Será no painel Soluções inovadoras para desafios de segurança alimentar e sustentabilidade. Participarão o secretário do Mapa, Fernando Camargo, e o diretor de projetos do Instituto de Cooperação Interamericana para a Agricultura (IICA), Fernando Schwanke.
Em Berlim, Alemanha, Moretti fará parte do painel sobre Tecnologias para mitigação das emissões de carbono da produção agropecuária, e em Roma (Itália), tem presença confirmada em painel sobre Inovações na produção agropecuária: soluções para combater as mudanças do clima, com a participação do diretor executivo do Conselho de Pesquisa e Economia Agrária da Itália, Stefano Vaccari.
Fonte: Embrapa
Fonte: Embrapa