A herança da colonial Camamu, no Sul da Bahia, guarda um importante segredo - lá fica a Estação de Cruzamentos do Centro de Tecnologia Canavieira (CTC), que abriga um dos maiores bancos de germoplasma de cana-de-açúcar do mundo e o maior do Brasil, com quase 5.000 exemplares.
Esta região apresenta condições ideais para florescimento e cruzamento da cana, principalmente climáticas (temperatura e chuva) e fotoperíodo. Cerca de 2.000 milímetros anuais oferecem o ambiente propício para a formação de pólens e a fertilização ocorrerem.
Aproximadamente 90 variedades já foram desenvolvidas em Camamu pelo CTC ao longo das últimas cinco décadas, sendo cultivadas em canaviais de todas as regiões do Brasil, de longe o maior do mundo.
Camamu é o ponto de partida do Programa de Melhoramento Genético do CTC, o banco serve como uma espécie de biblioteca de genes, a partir dos quais são escolhidas as plantas que serão cruzadas para o desenvolvimento de novas variedades.
Todos os clones são identificados e catalogados por suas características, origem e pedigree. O Banco tem variedades de várias partes do mundo e espécies ancestrais de grande variabilidade fenotípica, com diversos tipos, características e formatos.
A cada ano, centenas de milhares de plantas diferentes são obtidas, a partir do cruzamento dos parentais escolhidos. Todas elas passarão por uma seleção rigorosa que dura no mínimo oito anos, ao longo dos quais cerca de 30 características desejáveis serão avaliadas, entre as quais produção de açúcar e resistência a doenças.
Ao final desse longo período, são liberadas para comercialização uma ou duas variedades - as mais produtivas, resistentes a doenças, ricas em açúcar e adaptadas às condições de produção de cada região do país.
Na seleção das variedades, o CTC usa modelos estatísticos que levam em conta os dados fenotípicos históricos e genômicos para a predição e seleção dos melhores clones do programa de melhoramento. “Com isto, conseguimos ser mais assertivos na identificação dos clones promissores para as características de produtividade e resistência a doenças”, diz Luciana Castellani, Gerente de Melhoramento Genético do CTC, que comanda a Estação de Camamu.
Em Camamu trabalham cerca de 30 profissionais e a estação recebe com frequência a visita de pesquisadores de outras localidades do CTC e até mesmo clientes, ávidos por entenderem as novas possibilidades que a pesquisa abre.
“Camamu é a origem de todo o trabalho do CTC. Temos que ser muito cuidadosos na seleção. Qualquer erro representa oito anos de pesquisa perdidos”, diz Luciana.
Fonte: Assessoria de Imprensa CTC - Agência Fato Relevante