Os resultados verificados em experimentos que vêm sendo realizados em diversas áreas de produção apontam para o aumento da oferta de novas variedades de alho semente livre de vírus, com características bastante promissoras para os sistemas de cultivos convencional e orgânico: são materiais que pertencem ao grupo chamado de alho seminobre e que, devido à sua aparência mais rústica, tem menor aceitação comercial, entretanto com qualidade condimentar (aroma e sabor) superior a outros tipos de alho.
“Nosso objetivo é disponibilizar essas variedades para agricultores familiares e produtores orgânicos que, normalmente, atuam em mercados menos exigentes como feiras livres, vendas ambulantes, pequenos mercados e verdurões”, informa o pesquisador Francisco Vilela, coordenador do programa de alho livre de vírus (ALV) da Embrapa Hortaliças (Brasília-DF), que aponta outra vantagem desses materiais, como o sistema de produção mais simples e de menor custo se comparado ao dos alhos nobres.
Essa vantagem, de acordo com o pesquisador, atende produtores menos especializados e tecnificados, como os da agricultura familiar – são variedades que não necessitam de vernalização, são pouco suscetíveis ao pseudoperfilhamento, além de não exigirem controles rígidos de irrigação e adubação para evitar anormalidades fisiológicas.
VALIDAÇÃO
O processo contemplou experimentos e validação com agricultores familiares convencionais e orgânicos na Bahia e no Distrito Federal, que incluíram este ano o sul de Minas Gerais, em parceria com a Universidade Federal de Lavras (UFLA), e em São Paulo também nos sistemas convencional e orgânico. Foram selecionadas duas variedades que apresentaram um ótimo desempenho nos agricultores familiares convencionais da Bahia, onde ultrapassaram 20 toneladas por hectare, “um nível de produtividade geralmente alcançado com alho nobre pelos produtores altamente tecnificados da região do Cerrado”.
Segundo Vilela, no sistema orgânico as produtividades foram mais modestas, entre 07 e 11 toneladas por hectare no DF e na BA. “Agora, vamos aguardar os resultados das validações nesse sistema em MG e SP”, pontua o pesquisador. “A ideia é realizar alguns testes finais de validação e os processos burocráticos em 2022 e disponibilizar esses materiais para os agricultores em 2023”.