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12/03/2021
Em 2020, as cooperativas agropecuárias do Paraná responderam por 33,8% do valor exportado pelo agronegócio do estado. É o equivalente a R$ 1 de cada R$ 3 obtidos com a venda de produtos para clientes estrangeiros, segundo levantamento realizado pela Organização das Cooperativas do Paraná (Ocepar), com base em dados do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. No total, os embarques somaram US$ 13,3 bilhões, com destaque para a soja (45,6%), carnes (21%) e produtos florestais (16,7%).
O exemplo paranaense ilustra a capacidade das cooperativas brasileiras em exportar, especialmente em um momento difícil da economia. O agronegócio brasileiro responde por pouco mais de 20% do PIB do Brasil – que foi de R$ 7,4 trilhões em 2020. As cooperativas assumem metade da capacidade produtiva do agronegócio – ou seja, pode-se estimar que cerca de R$ 740 bilhões se devem às cooperativas. Atualmente, o segmento conta com 1.223 cooperativas, quase 1 milhão de cooperados e 207 mil empregados, segundo o anuário 2020 da Organização das Cooperativas do Brasil (OCB).
“As cooperativas são o principal meio de assistência técnica, comercialização e relação com o comércio internacional. A maioria dos agricultores estaria afastado das exportações se não fossem as cooperativas”, explica o professor do ISAE Escola de Negócios, Mauri Alex de Barros Pimentel, especialista em cooperativismo. Dessa forma, elas contribuem com a economia: R$ 6,5 bilhões foram recolhidos em impostos e R$ 5,3 bilhões pagos em salários e benefícios aos funcionários, sem contar cerca de R$ 5 bilhões de resultados, que retornam para a economia.
Governança e Compliance
Para se fazer presente no mercado internacional, as cooperativas precisaram investir em governança e compliance, seguindo o exemplo do ramo de crédito do próprio Brasil. “As cooperativas agropecuárias foram sábias e perceberam os ganhos que as de crédito tiveram ao investir em governança e gestão, obtendo um crescimento estratosférico”, ressalta Pimentel.
Para o agronegócio, o benefício veio em abrir novos mercados, cuja exigência por compliance (em relação às matérias-primas, aos processos e à legislação) é muito mais elevada. “Governança é uma discussão mais recente no Brasil, mas nos Estados Unidos, Europa e China vem de muito tempo. O valor que o compliance tem nesses mercados é maior. Se não houver implementação de boas práticas, torna-se um empecilho para o comércio internacional”, analisa.
Esse investimento se reverte em benefícios para a cooperativa, segundo o especialista: melhoria de competitividade; profissionalização da gestão, com a contratação de pessoas mais capacitadas; qualificação dos associados (educação cooperativa para entender o propósito da instituição); melhorias de controle, com alinhamento ao que é legal e necessário para o negócio, incluindo regras regimentais e estatutárias; e a redução de conflitos entre cooperados, compreendendo o seu papel na cooperativa.
Além disso, o compliance auxilia as empresas a cumprirem as demandas de responsabilidade e sustentabilidade, especialmente no mercado internacional, onde os consumidores demandam essa informação. “O Brasil tem seguidamente as maiores safras de grãos e é um dos principais exportadores de carne. Essa grande potência agrícola precisa estar intrinsecamente ligada às boas práticas de governança e gestão da produção, especialmente para as exportações”, diz.
Desafios
Simplificação de crédito, cuidados com o seguro rural, garantia de renda durante a sazonalidade rural, regularidade de abastecimento e, sobretudo, infraestrutura e logística para melhoria de armazenamento, transporte e escoamento estão entre os principais problemas a serem superados para alavancar a produção e a exportação. Contudo, o principal desafio para as cooperativas está na falta de pessoas qualificadas para assumir vagas que estão sendo abertas, incluindo na área de tecnologia.
As maiores feiras do setor agropecuário são grandes promotoras de tendências, visando a melhoria da qualidade técnica da produção. “O céu tem sido o limite no uso de tecnologias: uso de drones e equipamentos aéreos não tripulados para fazer georreferenciamento, além de análises de performance”, conta. “Temos necessidade de mão de obra especializada para estes novos modelos de produção, o que é uma deficiência do Brasil. Quanto mais a tecnologia avança, mais difícil é preparar esses profissionais para assumir essas vagas”, complementa Mauri Alex de Barros Pimentel.
Fonte: P+G Comunicação Integrada
Fonte: P+G Comunicação Integrada