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14/10/2022
Pesquisa e citricultores conectados com o objetivo de transferir tecnologias e capacitá-los ainda mais para manterem a produção de laranjas, limões, tangerinas e limas ácidas, que juntas representam quase 50% de toda a produção de frutas no Brasil. Como parte do projeto Fruto Resiliente, o Centro de Citricultura “Sylvio Moreira” do Instituto Agronômico (IAC) realizou o Dia de Campo, em que os produtores puderam ver na prática tudo o que há de mais moderno em pesquisa e sustentabilidade. Essas atividades resultam de parceria do IAC com a Fundação Solidaridad Brasil, que está presente em oito regiões do mundo.
O projeto “Fruto Resiliente: Fortalecendo a produção sustentável de laranja” oferece, gratuitamente, orientação agronômica, treinamentos e assistência técnica a citricultores de pequenas propriedades. O objetivo é capacitá-los e incentivá-los à adoção de práticas mais sustentáveis como, por exemplo, manejo dos pomares para uso eficiente da água e dos nutrientes das adubações, do mato e das principais pragas e doenças que afetam os citros. Os participantes são orientados também sobre organização e colaboração para administração de investimentos que fazem parte do fluxo de caixa financeiro.
Os produtores de laranja de pequenas propriedades no Brasil representam 80% das unidades de produção citrícolas. Esse grupo tem dificuldades de acessar informações de qualidade e orientações agronômicas sem pagar por isso. Daí a relevância dessa parceria com a pesquisa pública para instrumentá-los, gratuitamente, rumo ao aumento da produtividade, competitividade e sustentabilidade.
“Os citricultores assistidos pelos treinamentos desse projeto têm tido acesso a informações agronômicas e de boas práticas agrícolas, sociais e ambientais, que viabilizam a organização da propriedade rural, o estabelecimento de colaborações entre seus pares e a realização de novos trabalhos de gestão do campo”, comenta Dirceu Mattos Jr., pesquisador do IAC e diretor do Centro de Citricultura, da Secretaria de Agricultura e Abastecimento.
De acordo com o cientista, essas ações resultam na manutenção das atividades citrícolas com maior rentabilidade do negócio e maior proteção ambiental, desde a manutenção de recursos naturais, como solo e água, até o controle adequado do uso de insumos e descarte de embalagens. Com essas orientações, alcança-se ainda maior proteção do trabalhador, com o uso adequado de Equipamentos de Proteção Individual e de depósitos da propriedade, que são requisitos da sustentabilidade. “Muitos caminham para atendimentos de normativas para certificação da sustentabilidade da atividade”, comenta Mattos Jr..
Vagner Zaqueo, técnico agrícola de 41 anos, que atua em citros desde os nove, esteve no Dia de Campo. Ele acredita que o resultado obtido com essas ações depende muito de o citricultor confiar e relatar suas necessidades para os profissionais envolvidos no Projeto. “Pra gente que é da área, é muito bom ir ao Centro do IAC porque se você já sabe algo, você passa a saber mais. Eu já conhecia esse Centro e já sabia que é um lugar de excelência em pesquisa em citros, mas tinham pessoas lá que nunca tinham ido ao Centro, não sabem de citros e gostaram também das atividades”, relata.
Outras ações
Os citricultores que participam do projeto Fruto Resiliente têm acesso a outras ações de acesso a tecnologias e informações, além de dias de campo. São realizadas palestras presenciais e on-line, distribuição de cartilhas de boas práticas de manejo no campo e podcasts. “Nesse projeto, notamos o desenvolvimento do sentimento de pertencimento à cadeia de produção e o bem-estar social tem proporcionado bons resultados no campo. Os citricultores melhor assistidos têm mais oportunidades para manter seu empreendimento viável, com satisfação elevada do seu esforço e do reconhecimento do mercado, preenchendo assim um espaço importante da cadeia de produção”, comenta Mattos Jr..
Ainda dentro desse projeto, o Centro de Citricultura tem buscado a certificação da sua área de campo e experimentação com o objetivo de aprimorar a organização e a eficiência de trabalho, além do cuidado com o bom ambiente interno. Desde 2021, o Centro está em processo final de adequações para obter a certificação ambiental da sua área de pesquisa, com o selo da FSA/SAI (sigla em inglês para Avaliação de Sustentabilidade da Fazenda/ Plataforma de Iniciativa de Agricultura Sustentável). Essa atividade é liderada pelo pesquisador do IAC, Fernando Alves de Azevedo. “Estamos demonstrando que podemos, sim, realizar aprimoramentos e nos manter dentro dos requisitos do mercado”, ressalta Mattos Jr..
Ele explica que a Plataforma de Iniciativa de Agricultura Sustentável é pioneira na promoção da agropecuária sustentável em todo o mundo. Ela possibilita que seus membros compartilhem conhecimentos especializados, criem soluções para desafios comuns e promovam a sustentabilidade em um ambiente pré-competitivo, como é chamada a fase em que são trabalhadas as exigências da prova para obter o selo.
“Estamos juntos dos produtores em prol de uma citricultura mais sustentável, fornecendo sementes e borbulhas de variedades copa e porta-enxertos do IAC, desenvolvendo pesquisas de campo e condições controladas, em conformidade com a certificação ambiental”, resume.
Para ele, o tema sustentabilidade está na rotina de informação e percepção de relevância por parte da sociedade. No Centro de Citricultura do IAC, no entanto, a valorização dessa temática está presente há mais de uma década.
Dia de Campo: bem perto do que dá certo
O coordenador do projeto Fruto Resiliente, da Fundação Solidaridad Brasil, Guilherme Ortega, ressaltou a relevância da interação entre os produtores e a equipe do Centro de Citricultura do IAC. “Foi muito interessante poder observar a troca entre os produtores, os pesquisadores e alunos do Centro, além da dinâmica, que propiciou trocas entre produtores de diferentes regiões. Foi com certeza mais um marco importante do projeto e da nossa parceria”, disse Ortega.
No Dia de Campo, realizado em 15 de setembro de 2022, no Centro de Citricultura “Sylvio Moreira” do IAC em Cordeirópolis, interior paulista, os citricultores visitaram a área de plantas matrizes, material básico e produção de sementes. Também viram o funcionamento do laboratório de qualidade de frutos e da Clínica Fitopatológica, além da unidade de cultivo protegido e a Vitrine Tecnológica de Citros, onde estão reunidas todas as variedades copa e porta-enxertos desenvolvidas pelo Instituto Agronômico. Esses materiais IAC também foram vistos em campo, onde o público observou os experimentos com manejo de herbicidas, com oportunidade de entender as melhores técnicas e produtos.
Nas dinâmicas de campo, os participantes tiveram acesso a três estações sobre: amostragem de solo e folhas para citros, manejo sustentável de plantas daninhas e novos porta-enxertos para citricultura.
O evento reuniu citricultores de 13 municípios citrícolas paulistas, dentre eles Monte Azul Paulista, Santa Salete, Mogi Guaçu, Mogi Mirim, Limeira e Leme.
As atividades foram coordenadas pelos pesquisadores Fernando Alves de Azevedo e Dirceu Mattos Jr., com a colaboração de técnicos de apoio de campo e laboratórios, além de estudantes de iniciação científica e pós-graduação do Centro de Citricultura.
Fonte: IAC
Fonte: IAC