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17/08/2022
“Para se tratar a Ramulária e a Mancha-alvo não basta utilizar o controle químico. É preciso manejo da doença e manejo da resistência”. Essa é a conclusão a que chegou o pesquisador do Instituto Mato-grossense do Algodão (IMAmt), Rafael Galbieri, coordenador da Sala Temática que discutiu “Avanços no manejo da ramulária e mancha-alvo”, no início da tarde desta terça-deira (16) no 13º Congresso Brasileiro do Algodão (CBA). Há 15 anos ele avalia materiais plantados no Mato Grosso e explicou que é necessário realizar um manejo integrado em função da alta variabilidade dos fungos e dispersão dos esporos.
A mancha de Ramulária, causada pelo fungo Ramularia areola Atk, é a principal doença foliar do algodoeiro na região do cerrado brasileiro, maior produtor de algodão do Brasil devido à implantação da colheita mecanizada e o investimento em qualidade de fibra, proporcionando o cultivo do algodoeiro em extensas áreas.
Em todo o mundo, o fungo causa prejuízos da ordem de R$ 1,9 bilhão/ano e possui alta disseminação, exigindo o uso de fungicidas nas lavouras de algodão. “Apesar de toda a tecnologia hoje adotada pelos produtores, a elevação nos níveis de incidência e severidade das doenças têm causado perdas econômicas expressivas à cultura. Por isso, o controle químico desponta como uma das táticas de manejo mais adequadas para reduzir o progresso da doença no campo”, apontou o pesquisador da Embrapa Algodão em Campina Grande, Alderí Araujo, primeiro palestrante do painel, trazendo resultados de experimentos feitos desde 2018 com fungicidas. “Aqueles que são aplicados há mais tempo, possuem uma reduzida capacidade de resistência à doença, ou seja, a resposta que se tem é inferior ao controle da doença, aumentando o custo da produção”. O pesquisador sugere que os produtores avaliem a relação entre uso, custo de produção e produtividade da lavoura, fazendo este comparativo para estabelecer o produto de melhor desempenho com padrão de controle ideal.
Adriano Custódio, membro fundador da Rede Fitossanidade Tropical (RFT), foi o segundo palestrante da tarde e fez uma apresentação da entidade, que tem o objetivo de promover esforços mútuos para fortalecer e a produção de grãos e fibras, integrando a comunicação para o desenvolvimento sustentável das lavouras. A idéia é criar um trabalho com continuidade e articulação para manter o nível de informações e pesquisas nos próximos anos.
No tocante à mancha-alvo, doença sistêmica que ataca a soja e o algodão, o alerta do consultor da Ceres Consultoria Agronômica Ltda, Guilherme Ohl, foi enfático ao afirmar que “monitorar é necessário”. Ele apresentou uma lista de ações para o manejo integrado, destacando o respeito à época de semeadura, a destruição de restos culturais, a observação do espaçamento no plantio, a rotação de culturas, a promoção do gerenciamento de plantas com uso de regulador de crescimento, o controle biológico e a utilização de variedades resistentes para evitar a proliferação da Mancha-alvo. Segundo o especialista, tudo isso pode reduzir em até 50% a incidência da mancha-alvo e da Ramulária.
Finalizando as atividades da sala temática, o pesquisador da Embrapa Territorial, Julio Boggiani abordou os “Sistemas de previsão de doenças para o algodoeiro”. Para ele, é importante subsidiar os produtores com informações para que eles possam tomar decisões mais assertivas sobre a lavoura. Assim, a previsibilidade das doenças passa pela análise das questões relacionadas aos hospedeiros, ambiente e patógeno, maximizando a produção. “Lembrando que o ambiente não se pode controlar, mas, contra o patógeno, existem medidas que podem diminuir sua presença no campo, antecipando o que pode acontecer frente a esses pilares”. Nesse sentido, Boggiani trouxe para os congressistas uma ferramenta utilizada no município baiano de Luís Eduardo Magalhães que disponibiliza informação de forma rápida, acessível e simples por meio do App Monitora Oeste.
Fonte: Assessoria de Imprensa Abrapa
Fonte: Assessoria de Imprensa Abrapa