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05/01/2021
Um resultado inédito no Brasil acaba de ser conquistado, em um ano tão desafiador para o Brasil e para o mundo. Ingrid Souza, produtora de morangos responsável pela primeira certificação do Paraná em 2019, inovou mais uma vez.
Os morangos liofilizados produzidos pela Fazenda Staw Agricultura, uma startup de tecnologia agrícola na produção de morango, acabam de receber um selo de qualidade e segurança do alimento chancelado pelo Inmetro. É o selo Brasil Certificado, que apenas produtores que seguem o protocolo da produção integrada e passam por um processo de avaliação da conformidade - mais conhecido como auditoria - tem o direito a utilizar. O selo é único para todas as culturas certificadas e as normas técnicas para cada cultura são definidas pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa).
De acordo com Rosilene Souto, do Mapa, a produção integrada é um sistema de produçãosustentável eficiente na aplicação de recursos naturais e na substituição de insumos poluentes, que utiliza monitoramento dos procedimentos e rastreabilidade em todo oprocesso. A parte econômica, ambiental e a qualidade de vida do produtor rural são ostripés que trabalhamos.
“Durante todos esses anos, a Ingrid adotou realmente esse sistema e vem se destacando com produtos de qualidade. A segurança vem sendo muito cobrada hoje em dia. A Ingrid é agora uma formadora de opinião. É muito gratificante ver nosso trabalho sendo divulgado, para que mais produtores sigam esse caminho e para que possamos ter produtos com mais qualidade e com garantia de segurança”, destaca Rosilene.
O processo de avaliação da conformidade também foi inovador neste ano, motivado pela necessidade do isolamento social. É um novo modelo que abre novas possibilidades, podendo vir a ser, numa combinação de auditorias presenciais e remotas, mais eficaz e com possível redução de custos, explica Nede Lande Vaz da Silva, diretor do Instituto Certifica, empresa responsável pela certificação do morango liofilizado.
Conforme a produtora, o processo de liofilização é complexo porque, apesar de ser feito com auxílio de um equipamento, existem várias regulagens a serem adaptadas para se obter a crocância ideal e a qualidade do produto. O morango é colocado na chamada “câmara liofilizadora” e mantido por 24 horas à temperatura de -50°C. Durante este processo, o morango é submetido a alto vácuo para remover a água por meio de sublimação. A característica deste processo é que as moléculas do morango liofilizado permanecem intactas. É igual em tudo à fruta original, porém sem água, esclarece.
O resultado é um snack de morango in natura, que após a retirada da água fica crocante, delicioso e com seus nutrientes preservados. Uma excelente opção de lanche saudável, explica Ingrid, que como mãe de um bebê que adora morangos, está sempre atenta à origem dos alimentos que a família consome. “Eu gosto de consumir o que vendo, então gosto de ter esta responsabilidade de oferecer um produto seguro”, afirma.
Ingrid explica que o produto final tem um custo mais elevado pela questão de manter 97,8% de todas as vitaminas, de fibras e minerais da fruta, se transformando em um alimento bem concentrado, considerado supernutritivo. É ideal para o consumo de crianças que tem dificuldade em comer a fruta in natura e, por ser crocante, fica mais atrativo. Outro ponto importante é que 10g do produto liofilizado correspondem a 130g de morango consumido in natura. "Nosso interesse é vender para indústria como matéria-prima, já que é super concentrado”, diz Ingrid.
A pesquisadora da Embrapa Meio Ambiente Fagoni Calegario, responsável pelo programa na Embrapa, está com muito orgulho dessa que é considerada a representante de todas as mulheres que sempre estiveram envolvidas neste projeto. “Ingrid é uma mulher jovem, inovadora, que sonha em produzir um morango de altíssima qualidade não apenas para o Brasil, mas também para exportação”.
Desde o início, enfatiza a pesquisadora, ela acreditou no selo e procurou seguir à risca as normas técnicas da PIMo, com extrema consciência e capricho em todas as etapas desde o planejamento até o estudo do público consumidor.
“Eu me sinto muito feliz por poder encerrar este ano vendo essa enorme conquista. Agora poderemos levar o selo para bem mais longe. Valeram a pena todos os esforços que fizemos neste que foi um belíssimo trabalho em equipe. São inúmeros parceiros a agradecer. Como sempre dizemos, a Produção Integrada inicia com a integração de várias equipes e instituições”, comemora Fagoni.
“Ingrid, que foi a primeira produtora brasileira a conquistar o selo do morango Brasil Certificado, é um exemplo de atuação das mulheres no agro, com missão de passar uma nova imagem dessa fruta tão especial, tão cheia de vitaminas e tão atrativa”.
Para Ingrid, o apoio da pesquisadora foi imprescindível. “Eu acredito muito no selo da certificação, vamos levar esse produto para o mundo. O morango é uma fruta que contém poucas calorias e muitas vitaminas e sais minerais e a produzimos com qualidade, sem nenhum resíduo químico, com emprego de armadilhas e produtos biológicos”, diz a produtora.
Para Ronaldo Herculano, responsável técnico da propriedade, o desafio para que o produtor conquiste a certificação seria a mudança de hábitos e a adequação com relação às normas.
“Hoje o produtor está muito preocupado com os custos e como vai comercializar o produto final. Com o selo Brasil Certificado, ele já sai em vantagem pois estará mostrando ao consumidor que a produção é feita dentro de todas as normas e assim verá seu produto ter maior aceitação no mercado. A certificação só traz vantagens para o produtor e toda a cadeia que envolve o morango”, enfatiza. Mas, de acordo com ele, outro desafio que o produtor enfrenta hoje é o custo da implantação da cultura, que está alto.
O morango liofilizado com selo Brasil Certificado chega ao mercado em março de 2021.
Fonte: Embrapa Meio Ambiente
Fonte: Embrapa Meio Ambiente