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10/08/2021
A Organização das Nações Unidas para a Alimentação e Agricultura (FAO) define aquicultura como o cultivo de organismos aquáticos, tanto em água doce como salgada, em ambientes controlados. Ainda de acordo com a Organização, esta modalidade de cultivo de pescado tem ganhado força e tem sido uma das mais importantes formas de produção dentro do Agro. Um dos elos da cadeia produtiva da aquicultura é a carcinicultura: o cultivo de crustáceos, como o camarão.
“A atividade de criação de camarão é motivo de orgulho para o brasileiro. O camarão marinho, criado em fazendas, possui tecnologia avançada, fruto de muitas pesquisas que o tornam um alimento saudável, além de gerar negócios, empregos e rendas no meio rural”, defende o professor da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), Rodrigo Carvalho.
Segundo a Empresa Brasileira de Pesquisa e Agropecuária (Embrapa), o Brasil é um País que apresenta condições climáticas e territoriais favoráveis para a prática da carcinicultura, visto que possui uma vasta costa marítima, amplas áreas estuarinas (regiões que possuem ambientes aquáticos de transição entre um rio e o mar) e grandes reservatórios com águas oligohalinas (águas com baixa salinidade), apropriadas para a exploração do camarão marinho cultivado.
Apesar de todos seus predicados naturais, a produção brasileira de camarão marinho cultivado ainda é muito pequena. De acordo com o presidente da Associação Brasileira de Criadores de Camarão (ABCC), Itamar Paiva Rocha, o consumo per capita de camarão marinho no Brasil é de apenas 0,65 kg/ano, enquanto que em países como China, por exemplo, o consumo per capita/ano é de 2,6 kg, na frente dos Estados Unidos (2,2 kg) e do México (1,6 kg).
O presidente da ABCC ainda acrescenta que, nos últimos 16 anos, mesmo com a perda de cerca de 34% na sua produtividade, a carcinicultura marinha brasileira dobrou o número de produtores e fazendas de produção, incorporando um destacado grupo de micros e pequenos produtores, em águas interiores, cuja produtividade se situa entre 12.000 a 15.000 kg/ha/ano, comparado com 3.733,3 kg/ha/ano, da média nacional.
“A excessiva burocracia e a demora nos processos de licenciamento ambiental e de concessão de outorga do uso de águas salobras no Brasil, vem inibindo o acesso a créditos de financiamentos e custeio, nas explorações no semiárido, impedindo um crescimento mais robusto da atividade”, avalia Rocha.
Regras sanitárias rigorosas
De acordo com explicação do professor da Universidade Federal do Ceará (UFC), Alberto Nunes, os criadores de camarão são organizados e seguem regras sanitárias rigorosas. As instalações, equipamentos e utensílios, além dos colaboradores, observam as normas higiênico-sanitárias, com vestimenta própria, especialmente àqueles que trabalham nas áreas de manipulação dos produtos.
Nenhum projeto de carcinicultura pode funcionar sem uma infraestrutura mínima capaz de atender às necessidades gerais da produção. “Os criadores têm adotado boas práticas de manejo e medidas de biossegurança que visam, sobretudo, a redução do estresse e o bem- estar do camarão cultivado durante o processo de cultivo”, explica.
Em geral, a cadeia produtiva da carcinicultura é organizada e tem se profissionalizado a cada ano, sustentando muitas famílias e empresas como as que fornecem as rações que alimentam o camarão. Segundo o professor, o setor de produção de ração no Brasil movimenta 140 mil toneladas ao ano.
Dentre os insumos usados na produção das rações que alimentam o camarão, se destacam o farelo de soja, proteínas animais e outras matérias-primas originadas do Agro e da pecuária de corte.
Camarão: alimento saudável que chega à mesa
O camarão é um alimento saudável, possui proteína de alto valor nutricional – as chamadas proteínas completas – aquelas com todos os aminoácidos de que o corpo necessita. Com um rígido controle de qualidade, o alimento passa por um caminho composto por elos que tornam o camarão um produto acessível e de qualidade para os consumidores de todo o mundo.
Sobre os benefícios do camarão, o presidente da ABCC, Itamar Paiva Rocha, cita alguns estudos sobre o tema. Um deles, fornecido pela Associação Australiana de Criadores de Camarão, relata que o camarão é uma excelente fonte de proteína, tem um baixo teor de gorduras saturadas, destacando que o seu consumo é uma ótima maneira de obter ferro, zinco, vitamina, bem como, é uma boa fonte de ácidos graxos ômega-3.
Rocha comenta ainda sobre estudos da Fundação George Mateljan, uma organização sem fins lucrativos com a missão de ajudar as pessoas a comer e cozinhar de maneira mais saudável, com informações sobre os inúmeros benefícios de comer camarão. Por exemplo, o alimento é uma excelente fonte do selênio, um mineral antioxidante.
O selênio no camarão pode ser bem absorvido no corpo humano. A deficiência do antioxidante é um fator de risco para insuficiência cardíaca e outras formas de doenças cardiovasculares, diabetes tipo 2 e depressão.
Mostrar para a população urbana de onde vem o camarão que consumimos e que sua cadeia produtiva é muito organizada
“No decorrer das pesquisas e levantamentos que realizamos para entendermos as percepções sobre o Agro e os segmentos que o compõe, observamos que a população não sabe como é realizado o cultivo do camarão. As pessoas não têm ideia do quanto essa atividade inovou e avançou em tecnologia, além de desconhecerem a organização dessa cadeia produtiva e todos os cuidados que os produtores de camarão adotam em suas fazendas”, declara Ricardo Nicodemos, coordenador e mentor do movimento Todos a Uma Só Voz.
Nicodemos ainda acrescenta que a sociedade mantém uma visão desatualizada e recheada de mitos, como a ideia de que o camarão é o lixeiro do mar e que se alimenta de dejetos. “Seguindo o pilar estratégico que nos orienta a disseminar conhecimentos, estamos levando informação de qualidade sobre a cadeia produtiva do camarão cultivado, baseada em ciência e em história real, para toda a população”.
Visando valorizar a atividade e contar um pouco sobre o processo produtivo, o Movimento promove, no próximo dia 19 de Agosto, um episódio da série “De lá Pra Cá” que falará sobre o camarão marinho cultivado. Essa edição reunirá em um evento virtual, diferentes elos da sua cadeia produtiva, para mostrar e explicar um pouco mais sobre a carcinicultura.
O evento será realizado a partir das 14 horas, no canal YouTube do Movimento, com acesso pelo link: https://youtu.be/pyZs4aA6K3g
Sobre o Movimento “Todos a Uma Só Voz”
Lançado oficialmente em fevereiro de 2021, o movimento Todos a Uma Só Voz surgiu para conectar toda a cadeia produtiva do Agro. Ele conta com a ajuda de diversas associações, empresas e profissionais que trabalham unidos em prol de gerar e disseminar conhecimentos de boa qualidade e estimular a empatia da população urbana pelo campo e pelos produtores e produtoras.
O Movimento tem o apoio institucional da ESALQ-USP, ABAG, ABAGRP, ABCC, ABIA, ABIARROZ, ABIEC, ABISOLO, ABITRIGO, ABMRA, ABPA, ABRAFRUTAS, ABRALEITE, AGROLIGADAS, AIPC, AMA BRASIL, ANDA, ANDAV, APROSOJARO, ASBRAM, CECAFÉ, CICARNE, CLIMATEMPO, CONGRESSO DAS MULHERES, FENEP, GRUPO MULHERES DO BRASIL (COMITÊ AGRONEGÓCIO), IBÁ, IBRAHORT, LIGA DO AGRO, MKT DO AGRO, PECEGE, SINDAN, SINDIRAÇÕES, SISTEMA OCB, SNA, YAMI. Tem o apoio comercial das empresas Agroline, Attuale, Coelho&Morello, Lamarca, RCom, RV Mondel, TrahLahLah e Companhia de Estágios. Tem diversos veículos de comunicação e o patrocínio da CropLife.
Fonte: Attuale Comunicação
Fonte: Attuale Comunicação