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11/11/2020
O ressurgimento do gafanhoto nos últimos anos constitui uma ameaça à produção agropecuária, às reservas naturais e à segurança alimentar da região, por isso é imprescindível abordar o problema com estratégias conjuntas entre os distintos países.
Os especialistas que se reuniram no II Seminário de Cooperação Regional para a América Latina e o Caribe concordaram com este diagnóstico. O evento foi intitulado “Gafanhoto: situação e perspectiva de colaboração” e foi realizado virtualmente, com a participação de representantes de mais de 30 países.
Na oportunidade, foram compartilhadas experiências exitosas de cooperação transnacional no controle desta praga e se firmou o papel transcendental que a tecnologia e a utilização de bioinsumos podem desempenhar na prevenção e nesse controle.
Também foram divulgados relatórios de situação em cada país e enfatizou-se a necessidade de atender especialmente à situação dos pequenos produtores e familiares, que por sua vulnerabilidade e menor capacidade de resiliência sofrem maiores impactos da praga.
A atividade foi organizada pelo Ministério das Relações Exteriores, Comércio Internacional e Culto; o Ministério da Agricultura, Pecuária e Pesca e o Serviço Nacional de Sanidade e Qualidade Agroalimentar (SENASA) da Argentina, em conjunto com o Instituto Interamericano de Cooperação para a Agricultura (IICA), o Grupo Interamericano de Coordenação de Sanidade Vegetal (GICSV) e o Comitê de Sanidade Vegetal do Sul (COSAVE).
Tratou-se do segundo capítulo de um ciclo de seminários regionais sobre o controle de gafanhotos na América Latina e no Caribe, que estão sendo realizados no que foi declarado pelas Nações Unidas como o Ano Internacional da Sanidade Vegetal.
O objetivo principal do intercâmbio de experiências é promover soluções inovadoras para o controle da praga, conforme explicou a Ministra Alicia Barone, em nome da Direção Geral de Cooperação Internacional da Chancelaria Argentina.
O Diretor-Geral do IICA, Manuel Otero, acentuou as perdas econômicas diretas causadas pelos gafanhotos na produção de alimentos e nas áreas naturais dos territórios rurais. A esse respeito, referiu-se a um recente estudo do IICA que mostra que o Noroeste e o Nordeste argentinos são as áreas mais afetadas pelos gafanhotos, o que põe em risco uma produção agrícola estimada em 3,7 bilhões de dólares anuais, não incluindo árvores frutíferas, culturas industriais, pastagens naturais nem diversas forragens utilizadas na produção animal.
Além disso, lembrou que o IICA começou na década de 1970 a colaborar com seus Estados membros na prevenção e controle do gafanhoto por meio de iniciativas específicas, como o fortalecimento de capacidades e a incorporação de novas tecnologias para responder às emergências.
Otero destacou as ações de cooperação internacional que estão sendo realizadas e a esse respeito anunciou que, após este seminário de cooperação hemisférica, haverá um espaço de diálogo sobre estratégias de prevenção e controle de gafanhotos entre a América Latina e o Caribe e a África, previsto para ocorrer em novembro.
Por sua vez, o presidente do SENASA, Carlos Paz, apontou que o setor rural argentino viu o ressurgimento da praga desde 2015, após décadas.
“A velha praga dos anos 40 e 50 ocorreu em outra Argentina, onde muitas províncias eram territórios federais sem a autonomia de que gozam hoje e em que os produtores não tinham a consciência atual.
Hoje ainda estamos levantando o passivo ambiental gerado pelos produtos com os quais se combateu o gafanhoto naquela época”, disse Paz, que destacou as demandas de informação e capacitação que os especialistas argentinos respondem constantemente, atendendo à instituições de outros países da região por meio da Chancelaria.
O presidente do SENASA também destacou os novos desafios em matéria de prevenção e controle de pragas e doenças decorrentes do deslocamento da fronteira agropecuária que a Argentina experimentou nos últimos anos, em muitos casos em detrimento da mata nativa.
Em representação do Ministério da Agricultura, Pecuária e Pesca da Argentina, Diana Guillén assinalou que a única forma de lidar com o problema dos gafanhotos é como os países da região já estão fazendo: por meio da troca de experiências e ajuda recíproca.
“A praga não entende as barreiras entre os países. E também não pode ser enfrentada sozinha pelo produtor, que precisa da articulação do Estado e do auxílio da tecnologia”, destacou Guillén.
No painel de intercâmbio técnico do seminário, especialistas de diferentes países e Organizações Regionais de Proteção Fitossanitária (CAHFA, CAN, COSAVE, NAPPO e OIRSA) compartilharam as experiências dos países da região Sul, Andina, Norte-americana, Centro-americana e Caribenha, na cooperação para identificar e controlar as principais ameaças da praga.
Os especialistas concordaram com a necessidade de coordenar estratégias e esforços, bem como de unificar os critérios para enfrentar o problema dos gafanhotos, por sua voracidade e seu caráter migratório e transfronteiriço.
Fonte: Assessoria de Imprensa IICA
Fonte: Assessoria de Imprensa IICA