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30/04/2021
Aumentar as aplicações em outros mercados do agro como rações, produtos cárneos e grãos, além de levar a tecnologia desenvolvida no Brasil para outros países da América do Sul, América Central e sudeste da Ásia. A parceria entre a Embrapa Instrumentação e a empresa Fine Instrument Techonology (FIT), ambas localizadas em São Carlos (SP), está impulsionando a utilização de Ressonância Magnética Nuclear (RMN) no agronegócio, por meio da tecnologia SpecFIT.
Uma das principais aplicações – que é um dos oito casos de sucesso do Balanço Social 2020, apresentado no 48º aniversário da Embrapa - impactou a precificação do setor de óleo de palma (dendê) na região Norte do Brasil, que passou a ser realizada pelo teor de óleo e não pela massa do fruto, como ocorria anteriormente. O SpecFIT reduziu o tempo de análise de dois dias para poucos segundos, resultando num ganho de eficiência de 6% - em média - na extração do óleo, além de otimizar o controle de qualidade dos processos de extração.
Recuperação de preços e exportação
A tecnologia foi uma aliada importante para enfrentar uma grave crise com preços abaixo dos custos de produção, fato que reduziu drasticamente a capacidade de investimento das empresas. Mas os preços de óleo de palma no mercado iniciaram uma recuperação na segunda metade de 2020.
“Mesmo no cenário de baixos preços, a FIT avançou com vendas para Colômbia e Sudeste Asiático. Com a recuperação dos preços, o ano de 2021 iniciou com grande otimismo e a FIT já fechou vendas para outros países como Peru, Equador, Guatemala e está em negociações avançadas na Costa Rica e empresas do Sudeste Asiático”, explica Silvia Azevedo, CEO da empresa.
O segredo da parceria
Na avaliação da executiva, “a parceria com a Embrapa instrumentação foi de grande importância para a FIT. O sucesso e satisfação dos clientes com o aumento da eficiência na extração do óleo é tão impactante que os próprios clientes indicam a solução para outros produtores, o que tem feito com que a adoção da tecnologia aconteça mais rapidamente”, acrescenta.
A parceria também está avançando no desenvolvimento para outras áreas da cadeia da palma, com início dentro da porteira (com análises para seleção de sementes e avaliação da eficiência da polinização das plantações híbridas), passando pela área de extração (com ferramentas da indústria 4.0 como Cloud service, Big Data e inteligência artificial, auxiliando os clientes a usar as análises feitas com o SpecFIT para gerenciar a produção de forma mais eficiente).
Novos caminhos e oportunidades
Os novos caminhos vão na direção de soluções para indústrias que fabricam gorduras ou utilizam o óleo de palma em seus produtos. Outro fator importante que impulsionará o mercado está ligado à primeira fase da RDC (Resolução da Diretoria Colegiada) 332/2019ª – ANVISA, que prevê o limite do teor de gordura trans em 2% nos produtos industrializados e entrará em vigor eu julho.
“A norma prevê o banimento total do uso da gordura trans até 2023. Com essa resolução, o óleo de palma será o principal substituto para as gorduras hidrogenadas (gorduras trans), já que que possui naturalmente uma fração de gordura sólida muito maior que outros óleos vegetais, como soja, algodão e girassol”, explica Silvia Azevedo.
A CEO da FIT lembra ainda que a maior quantidade de gordura sólida é importante para promover estabilidade térmica, crocância, textura e outros parâmetros importantes para produtos como sorvetes, recheios, bolos, chocolates e margarinas, e que o SpecFIT atende às normativas.
Articulação com investidores
Silvia Azevedo faz questão de enfatizar que “a parceria com a Embrapa Instrumentação vai além do desenvolvimento técnico. Destacamos o apoio para a aproximação da FIT com potenciais clientes, parceiros e com a empresa de investimentos NTAgro, que se tornou investidora da FIT em 2019”.
Quem demonstra satisfação com a parceria também é o pesquisador Luiz Alberto Colnago, que há 30 anos trabalha com a RMN, uma técnica muito utilizada na medicina, no desenvolvimento de várias metodologias para analisar produtos in natura e industrializados, e hoje vê o SpecFIT chegar a países como Alemanha, Bélgica e Malásia, além das Américas, e se tornar referência no Brasil.
“Ficamos extremamente satisfeitos em saber que podemos causar um impacto potencial de R$ 12 milhões por ano, visto que nosso País produz 300 mil toneladas de óleo de palma e a tecnologia proporciona aumento de rendimento de 2%. O sonho do pesquisador é ver seu trabalho inovando não somente na ciência, mas no mercado e, se possível, com resultados que cheguem ao cotidiano das pessoas, direta ou indiretamente.”, finaliza o pesquisador da Embrapa Instrumentação.
Fonte: Embrapa Instrumentação
Fonte: Embrapa Instrumentação