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29/05/2023
A citricultura brasileira ganha três novos materiais importantes, duas variedades de laranja e uma de limão Tahiti. A laranjeira BRS IAC FCC Alvorada é multifacetada, podendo ser destinada a suco ou consumo in natura . Já a Navelina XR é a primeira laranjeira resistente à bactéria causadora do amarelinho (clorose variegada dos citros, CVC). E o novo limão Tahiti BRS EECB IAC Ponta Firme apresentou produtividade 242% superior à média alcançada no estado de São Paulo, a maior do Brasil. As três variedades cítricas são resultados de pesquisa em parceria entre a Embrapa , a Fundação Coopercitrus Credicitrus ( FCC ) e o Centro de Citricultura Sylvio Moreira ( CCSM ), vinculada ao Instituto Agronômico ( IAC ).
“Nossa parceria com a Embrapa é antiga e importante para a citricultura brasileira. Essa cadeia produtiva passa por grandes desafios fitossanitários e precisa de novos materiais. São materiais muito importantes que aumentam a amplitude genética e, principalmente, a produtividade. Por isso, nós da Fundação, estamos muito felizes e orgulhosos por participar desse trabalho”, relata o responsável técnico da FCC, Marcelo Bassi.
Lançamento na ExpocitrosAs novas variedades vão ser desenvolvidas neste dia 30 de maio à cadeia produtiva da citricultura durante a 48ª Expocitros e a 44ª Semana da Citricultura, que acontece até 2 de junho, em Cordeirópolis (SP). |
Em comum acordo entre as três instituições, a laranjeira-doce precoce BRS IAC FCC Alvorada, a laranjeira-de-umbigo Navelina XR e o limoeiro BRS EECB IAC Ponta Firme passaram pelo Registro Nacional de Cultivares, do Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa ) , mas os pesquisadores frisam que eles não estão protegidos, o que facilita o acesso pelo produtor. “São acessos antigos que carregam o esforço de muitas aplicações e nós entendemos que o lançamento deveria ser em conjunto. Inclusive, são materiais que já estão sendo cultivados pelos produtores em pequena escala”, explica Eduardo Augusto Girardi, pesquisador da Embrapa Mandioca e Fruticultura(BA) e coordenador da Unidade Mista de Pesquisa e Transferência de Tecnologia (UMIPTT) Cinturão Citrícola, sediada no Fundecitrus, em Araraquara (SP).
“Como houve compartilhamento de material genético entre as instituições, feito a revisão da documentação de manutenção e atualizamos a comantenedoria, reconhecendo o trabalho em conjunto”, ressalta o pesquisador Dirceu de Mattos Júnior , diretor do CCSM/IAC, instituição responsável por estabelecer as plantas matrizes que vão originar os materiais para distribuição ao citricultor. “Estamos replicando o material em grande quantidade para formar novas borbulheiras e atender aos produtores”, informa.
“Uma laranja multiúso”. Assim o pesquisador da Embrapa Eduardo Stuchi , sediado na FCC em Bebedouro (SP), define a laranjeira-doce precoce BRS IAC FCC Alvorada, uma vez que, graças ao sabor, ela pode ser usada tanto para o mercado in naturacomo para produção de suco concentrado congelado e de suco pasteurizado (NFC, não a partir de suco de laranja concentrado ou suco não concentrado). “Com aceitação precoce e boa produção em relação às laranjeiras Westin e Hamlin, ela produz mais sólidos solúveis totais, os sólidos solúveis na água, incluindo açúcar, sais, proteínas, preparados etc. Além disso, ela apresenta uma excelente cor de polpa. Ela agrada mais ao paladar e com um adicional, o de ter zero a três sementes, podendo ir para o mercado de fruta fresca. Até pouco tempo, a indústria de suco só produz suco concentrado, mas, com a exigência do NFC, como principais precoces como Hamlin não atendem bem. Ou seja, ela pode diversificar essas variedades tradicionais”, continua. O pesquisador Eduardo Girardiconfirma: “Hoje existe a necessidade de laranjas precoces e a Alvorada atende a um nicho, em razão de suas qualidades”.
A variedade foi avaliada inicialmente nas condições de clima de Bebedouro, na região norte do estado de São Paulo, que apresenta clima subtropical, com inverno moderado e seco, sendo necessário o uso de irrigação. Esse tipo de clima engloba também parte da região central do estado. “No entanto, observamos seu melhor desempenho nas condições do sudoeste e extremo sul de São Paulo, devido à excelente qualidade dos frutos e à baixa incidência de seca regulatória de ramos sob clima mais ameno. A variedade pode ser enxertada em citrumelo 'Swingle', tangerineira 'Sunki', tangerineira 'Cleópatra' e limoeiro 'Cravo'. A BRS IAC FCC Alvorada foi validada em Bebedouro por 14 anos, durante 10 safras. “Passei metade da minha carreira profissional vendo o desempenho dessa laranjeira”, conta Stuchi.
Indicada para consumo in natura , a Navelina XR é a única laranjeira naturalmente resistente à bactéria Xylella fastidiosa, causadora da clorose variegada dos citros (CVC), sem sofrer danos nem sendo hospedeira ou fonte de inóculo relevante. Popularmente conhecida como amarelinho, a CVC é uma importante doença que acomete a citricultura brasileira desde os anos 1980, podendo ser disseminada por inseto vetor (mais de 11 tipos de cigarrinhas) e por mudas infectadas. “Ela é uma excelente alternativa para cultivo na presença dessa doença, já que dispensa podas ou controle dos vetores, o que deve ser mantida para outras laranjeiras, como a Pera. Além disso, o mercado brasileiro tem carência de oferta de variedades de laranjas de mesa precoces, especialmente de umbigo, e com frutos de boa qualidade”, afirma Stuchi.
A variedade apresenta frutos típicos de laranja baianinha: sem sementes, com reconhecimento precoce a meia-estação e que se conservam nas plantas após atingirem a maturidade comercial, mas com certo grau de granulação. A média de peso é de 15 kg/planta aos 4 anos de idade e 100 kg/planta aos 10 anos. É indicado para o estado de São Paulo, preferencialmente em regiões com temperatura mais amena.
Helvécio Della Coletta Filho , pesquisador do CCSM, participou dos testes de respostas da Navelina XR à infecção por Xylella fastidiosa , realizados no Laboratório de Fitopatologia da instituição. “Mesmo com infecção, não foi observada diminuição no tamanho dos frutos ou sintomas foliares severos. Alguns sintomas foliares foram observados, mas com regressão posterior. Em condições de alta severidade de CVC, a variedade poderia ser uma opção de cultivo para quem quer produzir laranja de mesa. Porém, como é uma variedade de umbigo, não é recomendada para processamento industrial”, salienta.
Inicialmente, uma variedade é indicada para as regiões centro, norte e noroeste do estado de São Paulo, preferencialmente em áreas irrigadas. Além do citrumelo Swingle, os outros porta-enxertos indicados são os trifoliatas Flying Dragon e comuns, a tangerineira Sunki BRS Tropical, os limoeiros Cravo e Volkameriano e os citrandarins Indio e San Diego.
Precoce na entrada de produção, a variedade produz, de forma natural, sem nenhum tratamento, mais frutos no segundo semestre quando irrigada. “A partir de agosto, começa a subir o preço do limão. Com o BRS EECB IAC Ponta Firme, o produtor pode ter mais renda, pois a produção começa antes. Ele equilibra preço e favorece os exportadores. Existem vários tratamentos que os produtores fazem no cultivo. Imagine que, mantidos a tratamentos, devem 'bombar' de frutos”, acredita Stuchi.
A produtividade do novo limão impressionou os investigadores. Ela tem alcançado uma média de 80 toneladas por hectare (t/ha) enquanto a média no estado de São Paulo, de acordo com os dados mais recentes do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), foi de 33 t/ha em 2021 .
O produtor Edvaldo da Costa Mello, de Paranapuã (SP), é um entusiasta do BRS EECB IAC Ponta Firme, que cultiva há aproximadamente dez anos, desde que recebeu as mudas na Fazenda Santa Rita para acompanhar e validar. Com o pomar 100% irrigado, tem, hoje, 14 mil plantas enxertadas em Flying Dragon. “Rústica, vigorosa, produtiva, com qualidade de fruto e uniformidade do pomar”, define Mello uma variedade. “Ele deu estabilidade às plantações”, explica.
Valentim Gavioli é consultor de plantio comercial do BRS EECB IAC Ponta Firme em Taquaritinga, na região centro-norte do estado de São Paulo. "A área mais velha, plantada no espaçamento 6 mx 2,5 m, e em cima do porta-enxerto Flying Dragon, está com seis anos e produzida em torno de 80 toneladas por hectare na última safra", conta. Na mesma propriedade, há o plantio do limão IAC 304 enxertado em Flying Dragon, que produz, em média, 65 a 70 t/ha.
Na sua propriedade, Gavioli implantou recentemente dois pomares de Ponta Firme, também sobre Flying Dragon, e está na expectativa de bons resultados. Sete mil plantas têm um ano e meio e 3,5 mil estão com seis meses. Numa área experimental, Gavioli cultiva outras variedades de Tahiti, entre elas, as melhores selecionadas pela Embrapa, como o BRS EECB IAC Ponta Firme.
Já o engenheiro-agrônomo Helton Carlos de Leão, sócio-consultor da Smart Citrus, participou dos trabalhos de avaliação da variedade BRS IAC FCC Alvorada, a partir do momento em que as plantas estavam a produzir. A boa performance fez Leão investir, pessoalmente, no cultivo da BRS IAC FCC Alvorada. “A variedade tem um potencial tão grande que, recentemente, implantou um pomar próprio e ela foi a primeira variedade que plantei na minha área. Pode acreditar. O material é muito bom”, ratifica.
José Eduardo Teófilo, fundador e integrante do Grupo de Consultores em Citros (GConci), produz citros em Altinópolis, Mococa e São José do Rio Pardo (SP) e acompanha de perto a performance das variedades BRS IAC FCC Alvorada e BRS EECB IAC Ponta Firme . “Plantamos numa fazenda, uns 12 anos atrás, um experimento com diversas variedades que Stuchi inveja. Dentre elas, estava a Alvorada, que é uma fruta muito interessante para o nosso estado porque tem uma qualidade de suco numa época precoce, que vai de maio até julho, e tem de zero a três sementes, ou seja, quase nenhuma semente. O suco tem boa cor, que é muito importante para se fazer o NFC, o suco pronto para beber que fica refrigerado, e está sendo produzido por várias pequenas fábricas. aparentemente, ela é bem produtiva. Temos que acompanhar, ao longo da vida,
“Quanto ao BRS EECB IAC Ponta Firme, além da produtividade, ele mantém a uniformidade de planta, não tem oscilação de uma planta para outra, o formato do fruto é bonito, carrega bem e é muito produtivo. Ele basicamente está consolidado. Conheço produziu das duas variedades e eles estão gostando”, afirma.
Os novos citrosBRS IAC FCC AlvoradaCultivar de laranjeira-doce precoce, com frutos sem sementes e de alta qualidade para processamento de suco e mercado in natura. Apresenta precocidade na entrada de produção e boa produtividade. A compreensão é mais precoce que a da Hamlin, cultivar de referência nesses usos. Apresenta nota mais alta na prova de degustação de suco pasteurizado e notas de avaliação de cor e de sabor do suco superior.
Navelina XRCultivar de laranjeira-de-umbigo precoce com alta qualidade de frutos e resistente à CVC para consumo in natura . É a única variedade de laranjeira-doce resistente à bactéria Xylella fastidiosa , dispensando o controle da doença clorose variegada dos citros (CVC) ou amarelinho e das cigarrinhas vetoras. Sem sementes, tem precocidade a meia-estação. Os frutos se conservam nas plantas após atingirem a maturidade comercial. BRS EECB IAC Ponta FirmeCultivar de limeira-ácida Tahiti com produtividade elevada de frutos de alta qualidade e maior produção na entressafra. Apresenta precocidade de entrada de produção (a partir do segundo ano) com alta eficiência de produção de frutos por copa. É indicado, como fruta fresca, para os mercados domésticos e de exportação, para processamento de suco e herança de óleo essencial. |
Salão da Fama da CitriculturaNa abertura da 48ª Expocitros e 44ª Semana da Citricultura, o Grupo de Consultores em Citros (GConci) vai homenagear o pesquisador da Embrapa Mandioca e Fruticultura Orlando Sampaio Passos como profissional que se dedica e contribui de forma relevante para o crescimento da citricultura brasileira. O prêmio Hall da Fama da Citricultura Brasileira é entregue a uma personalidade por seus esforços na busca da sustentabilidade da citricultura brasileira. Para a homenagem, foi considerada a larga experiência do pesquisador na área de fitotecnia e melhoramento genético. Engenheiro-agrônomo formado pela Universidade Federal da Bahia em 1960, Passos trabalha na Embrapa desde 1973, antes, trabalhou no Instituto de Pesquisa e Experimentação Agropecuária do Leste (Ipeal), que deu origem à Embrapa, sempre com a citricultura. É pela segunda vez, em 26 anos, que um pesquisador da Embrapa recebe o prêmio do GConci. O primeiro, em 2021, foi o engenheiro-agrônomo Eduardo Stuchi. |
Fonte: Embrapa Mandioca e Fruticultura
Fonte: Embrapa Mandioca e Fruticultura