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10/06/2019
O cenário para a produção brasileira de soja e milho ganhou novo gás nas últimas semanas com anúncio de previsão de frustração significativa na safra norte-americana. Segundo o consultor da Agroconsult, André Pessôa, isso deve estimular o cultivo no verão 2019/2020 e aquecer a comercialização por parte de quem ainda tem grãos estocados à venda. “Mesmo que os Estados Unidos consigam concluir o plantio nas próximas semanas, vai estar fora do calendário ideal principalmente quando se fala do milho. Então já podemos dizer que haverá redução de potencial produtivo”, afirmou o especialista na manhã de sexta-feira (7/6), em painel durante a programação da 1ª Jornada da Rede Técnica Cooperativa (RTC), em Gramado. O painel foi moderado pelo presidente da FecoAgro/RS, Paulo Pires.
A informação, alerta ele, criou uma expectativa de margens de rentabilidade mais folgadas para a soja na próxima safra brasileira e abriu uma perspectiva muito positiva para o milho. “Há previsão de o Brasil vir a exportar grandes volume neste e no próximo ano com números que geram rentabilidade muito positiva tanto para o produtor que trabalha com a safra de verão no Sul quanto para quem se dedica à safrinha no Brasil Central”. A projeção, informa Pessôa, é de expansão de 1% a 2% (500 mil hectares) na área cultivada de soja. No caso do milho, estima reversão da tendência inicial de redução de área e, inclusive, um pequeno crescimento entre 1% e 2% no cultivo de verão e de 7% a 10% na safrinha.
Atualmente, entre 65% e 70% da safra brasileira de soja já foi negociada. O Rio Grande do Sul, especificamente, está bastante atrasado, com taxas de comercialização na casa dos 50%. “Com os preços bons das últimas semanas, deslanchou um pouco o processo de venda, mas ainda falta metade da safra. O que os produtores não podem perder é as oportunidades que o mercado tem dado: às vezes é o câmbio que sobe um pouco, às vezes é a Bolsa de Chicago que reage em virtude das condições climáticas que podem afetar a safra”, disse, recomendando que os agricultores aproveitem esses eventos para negociar a produção aos poucos.
Questionado sobre recomendações para quem ainda tem a safra em mãos, disse que a situação depende de cada caso. “Quem já vendeu bastante, pode se dar ao luxo de esperar para ver como vai ficar a questão do clima nos Estados Unidos nas próximas semanas. Quem vendeu pouco deveria aproveitar e subir um pouco a média de comercialização”, aconselhou. Pessôa alertou que o risco ainda é grande principalmente devido à Guerra Comercial entre China e EUA. “A China sempre foi o grande cliente internacional. Agora, em função dessa guerra, tem usado cada vez mais o Brasil e a Argentina como fonte de abastecimento”. Mas alerta para os riscos da concentração de vendas para o país oriental, uma vez que mais de 80% da exportação hoje está focada na China. Até então, trabalhava-se com 70%. “No dia que eles fizerem um acordo novamente com os americanos, aqueles clientes que, eventualmente, estamos deixando de abastecer agora para socorrer os chineses, podem não estar tão felizes conosco”. E recomendou que o Brasil comece a pensar em atender novos mercados, um movimento que pode ser puxado pelas cooperativas, sugeriu.
A opinião de Pessôa reafirmou a fala do assessor da Secretaria de Comércio e Relações Internacionais do Ministério da Agricultura (Mapa), Rafael Requião, durante o painel. Como a China é o maior país de destino da soja, comprando a média de 35 bilhões de toneladas por ano, Requião julga preocupante a dependência de um país para manter o nível de exportações. "Isso nos obriga a agir de maneira pragmática. É um privilégio, mas depende de muito cuidado", pontuou.
fONTE: Jardine Agência de Comunicação
Fonte: Jardine Agência de Comunicação