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10/11/2021
Na Conferência BiodieselBr 2021, a Associação Brasileira das Indústrias de Óleos Vegetais (ABIOVE) avaliou os fundamentos estruturais das ofertas de óleos, gorduras e biodiesel no Brasil.
No painel que abordou o mercado de soja e outras oleaginosas para o ano de 2022, o economista-chefe da ABIOVE, Daniel Amaral, abordou a importância do biodiesel para a oferta de alimentos, os benefícios socioeconômicos que a produção do biocombustível oferece e ressaltou as ameaças que envolvem a cadeia diante dos cenários de incertezas, como a falta de previsibilidade na mistura e o novo modelo de comercialização.
No Brasil, o óleo de soja lidera o ranking da oferta nacional de óleos e gorduras, respondendo por aproximadamente ¾ da produção. ‘’A ampliação da oferta nacional de óleos requer maior esmagamento de soja para extração de óleo’’, comenta Daniel Amaral. Ele reforça que nesse cenário, o biodiesel exerce grande capacidade de promover essa industrialização da soja no Brasil. ‘’Por representar mais da metade do consumo de óleo de soja do Brasil, o biocombustível estimula o processamento de soja no país que, ao ser esmagada, também gera farelo. Portanto, o biodiesel acaba por desempenhar papel central no fomento à produção nacional de alimentos’’, completa o economista.
Observando as estatísticas históricas de esmagamento no Brasil, levantadas e mantidas pela ABIOVE, é confirmado a relação de que quanto mais biodiesel é produzido no país, maior é a oferta de alimentos. Essa análise parte do esmagamento anual em dois períodos distintos: de 1990 até 2007 e de 2008 (quando começa o PNPB - Programa Nacional de Produção e Uso de Biodiesel) até 2020. Comparando ambos os períodos, conclui-se que pelo menos 8 a 9 milhões de toneladas de soja adicionais permaneceram no Brasil após o início do PNPB, gerando mais farelo e óleo, ou seja, mais alimentos.
‘’Apesar da importância do biodiesel para várias vertentes da economia, o setor é ameaçado por graves problemas econômico-regulatórios como a falta de previsibilidade na mistura do biocombustível. Hoje, ignora-se o determinado pela Resolução CNPE nº 16/2018, o que gera insegurança à cadeia do biodiesel e impacta diretamente os investimentos no setor. É preciso definir, de forma objetiva e clara, os critérios que fundamentem eventual intervenção na mistura, para evitar mudanças inesperadas’’, explica Amaral.
Ele também ressaltou outro percalço enfrentado pelo setor, referente ao novo modelo de comercialização do biodiesel, que não estabelece cláusulas de desempenho contratuais, prática essencial ao funcionamento eficiente do mercado de biodiesel.
‘’Temos que lembrar que a cadeia do biodiesel gera milhares de emprego, incentiva a agricultura familiar, reduz as emissões de gases poluentes e causadores do efeito estufa (em linha com os compromissos internacionais assumidos pelo Brasil), além de sua produção nacional aumentar a oferta de alimentos no país. É fundamental a retomada dos percentuais previstos na Resolução do CNPE para manutenção do mercado de biodiesel e suas externalidades ao país’, conclui o economista.
A primeira estimativa da safra 2022 da ABIOVE projeta safra recorde projetada 144,1 milhões de toneladas de soja, das quais somente 48 milhões de toneladas devem ser processadas no Brasil. Logo, pela primeira vez desde 2008, não se projeta um aumento do esmagamento em linha com a capacidade nacional de produção do biodiesel, hoje suficiente para atender até o B18. Se a mistura de biodiesel for cumprida segundo a legislação vigente (Resolução CNPE nº 16/2018), o esmagamento poderá crescer até seis milhões de toneladas e chegar a 54 milhões de toneladas.
Fonte: FSB Comunicação