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29/06/2020
Com a retomada das atividades no continente europeu, os produtores brasileiros de frutas esperam que a demanda por exportações se aproxime do ritmo normal nas próximas semanas.
É o que mostra o boletim semanal da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), que traz o comportamento dos preços e da produção de algumas culturas no período de 22 a 26 de junho.
Segundo a publicação, nas três primeiras semanas deste mês, houve redução de 25% em valor e 17% no volume de exportações totais de frutas na comparação com o mesmo período de 2019. O mamão encontra-se entre as frutas mais afetadas pela redução dos voos comerciais.
O Sistema CNA/Senar tem boas expectativas na comercialização de alimentos no projeto Feira Segura, que já ocorreu em vários estados e agora será realizado no Distrito Federal. O evento tem o objetivo de ajudar produtores a comercializar sua produção durante a pandemia fornecendo produtos frescos. Em cumprimento às normas de saúde e segurança, a venda será feita na modalidade drive thru.
A comercialização de flores de vaso deve se recuperar com a reabertura dos centros de comercialização nas principais capitais do país. Já as vendas de flores de corte ainda enfrentam demanda restrita e representam 40% do total antes da pandemia.
O boletim também traz a preocupação do setor agroindustrial em Mato Grosso diante da pandemia, que pode prejudicar a logística de exportação de grãos.
Flores e plantas ornamentais
O setor de flores de vaso deve recuperar as vendas com a reabertura dos centros de comercialização nas principais capitais. Mas o segmento de flores de corte continua com a demanda restrita aos clientes de floriculturas e garden centers e as vendas atualmente respondem por 40% do volume comercializado antes da pandemia.
Frutas e Hortaliças
No dia 27 de junho acontece, pela primeira vez no Distrito Federal, o projeto Feira Segura. A iniciativa, que visa à manutenção do fornecimento de alimentos frescos com segurança aos trabalhadores e clientes, ocorrerá exclusivamente na modalidade drive thru. O Sistema CNA/Senar espera a participação de mais de 30 produtores.
Quanto ao mercado internacional, com a retomada das atividades no continente europeu os produtores brasileiros de frutas esperam que a demanda se aproxime da normalidade nas próximas semanas.
O Brasil registrou uma redução de 25% no valor e 17% no volume de exportação de frutas nas três primeiras semanas de junho em relação ao mesmo período de 2019. O mamão encontra-se entre as frutas mais afetadas pela redução dos voos comerciais. Aviões cargueiros têm sido utilizados no frete retorno por alguns exportadores, o que tem amenizado o problema, apesar de seu custo superior.
Diante do inverno e da demanda já restrita pela crise, os produtores de hortaliças folhosas continuam no processo de redução de área, que tem garantido uma sustentação dos preços.
Outras hortaliças registram redução de preço ao longo do mês, atrelada ao comportamento sazonal de produção, ao passo que a demanda tem se sustentado em baixa. No caso da cenoura, produtores vivenciam preços baixos em decorrência da pandemia e temem margens negativas, pois a produção da safra de inverno ainda não entrou no mercado e pode intensificar a desvalorização.
Já os produtores de cebola lidam com a redução dos preços no mercado nacional devido à intensificação da colheita no Vale do São Francisco (BA/PE), Irecê (BA) e em Cristalina (GO). Com a maior oferta nacional, a importação da Argentina, que já estava limitada pelas medidas de contenção do país vizinho, praticamente finalizou.
A CNA continua mapeando as medidas que os produtores rurais estão tomando para superar a crise econômica e os impactos que ela tem causado no setor de frutas e hortaliças. Como mais uma iniciativa, está apoiando a pesquisa da revista Hortifruti Brasil do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), que trata dessas questões. Para participar, o produtor deve preencher o formulário clicando aqui (link).
Café
As atividades da colheita de café da safra 2020/2021 seguem sem grandes impactos em decorrência da pandemia da Covid-19. A Cooxupé, maior cooperativa de cafeicultores do Brasil, divulgou que a colheita já avançou 30% no Sul de Minas Gerais, seguida pelas regiões produtoras de São Paulo (22%) e Cerrado mineiro (11%). O comportamento está sendo similar ao observado em anos de bienalidade positiva da cultura como o atual.
Aves e suínos
Com o balanço entre oferta e demanda equilibrado, o preço do frango vivo no mercado de São Paulo permaneceu estável a R$3,60/kg, assim como em Minas Gerais (R$3,70/kg). De forma geral, a demanda por carne de frango teve um aumento nas últimas semanas e as integradoras noticiaram que conseguiram diminuir os estoques. A paralisação de algumas plantas frigoríficas pelo Ministério Público do Trabalho tem sido pontual e não tem afetado a produção de forma geral.
Já no mercado da suinocultura independente, após semanas seguidas de altas representativas, os preços permaneceram estáveis nas bolsas de Santa Catarina, São Paulo e Minas Gerais, e com discretas altas no Paraná (+1,2%) e Rio Grande do Sul (+0,5%). Isso se explica, principalmente, pela diminuição do consumo de embutidos por parte da população que migrou para a carne de frango.
Lácteos
Após atuação do setor contra os baixos preços do leite aos produtores de Rondônia, foi aprovada uma lei estadual que obriga os laticínios a aderirem ao Conseleite. As empresas que não aderirem terão seus incentivos e benefícios fiscais suspensos.
Já quanto aos demais Conseleites, o índice de preço do leite pago aos produtores no mês de julho aponta um aumento médio de 12,9%, sendo que o Paraná se destacou com uma variação de +18,3%. A valorização reflete a alta demanda por produtos lácteos nas últimas semanas.
Em relação ao consumo, os produtos lácteos continuam valorizados. Os preços negociados em São Paulo seguem aquecidos, tanto para o queijo muçarela como para o leite UHT, reflexo da reabertura dos canais de venda e da liberação do auxílio do governo, somado ao baixo estoque dos produtos.
Boi Gordo
Os preços no mercado interno seguem em alta, com a @ sendo negociada em média a R$215/@ em São Paulo e R$186,90/@ no Mato Grosso. A oferta restrita de animais gordos continua fazendo com que os frigoríficos paguem maiores valores para conseguir animais para manter as operações.
As exportações continuam aquecidas, o que aumenta a demanda por animais prontos para o abate. Frente a isso, pecuaristas já registram negócios ocorrendo na faixa de R$220/@.
No mercado doméstico observa-se mais uma movimentação nos preços ao consumidor, com nova valorização dos cortes de dianteiro. A carcaça casada já é comercializada a R$14,25/Kg, 4% acima da média do mês anterior.
Quanto aos efeitos da pandemia, os principais frigoríficos têm assinado declarações de que suas cargas são livres de Covid-19, permanecendo habilitados para exportação. Enquanto as plantas frigoríficas atuam para se manter operacionais, o Ministério Público do Trabalho de Rondônia voltou a fechar o JBS de São Miguel do Guaporé até que a empresa cumpra com todas as obrigações para impedir a disseminação do novo coronavírus.
Em relação à campanha de vacinação contra a febre aftosa, os estados do Nordeste estenderam o prazo para executar a vacinação até o dia 31 de julho.
Pescado
O Sindirações divulgou relatório que aponta que a produção de rações para organismos aquáticos cresceu 6,4% no primeiro trimestre do ano. Este resultado reflete o recorde no povoamento de tilápias, em especial nas cooperativas no Paraná, que aumentaram a capacidade de abate para suprir a demanda em alta do consumidor brasileiro por pescado, em especial por filés brancos. Já a produção de ração para camarão sofreu forte retração no período, causada pela diminuição do povoamento durante a pandemia.
Cenário internacional
Mercados selecionados
Estados Unidos
- O governo de Donald Trump planeja anunciar um plano para renegociar suas tarifas consolidadas nos acordos da Organização Mundial do Comércio (OMC). A ação poderá afetar aliados como o Brasil e a Índia. Ainda não está claro se o objetivo é só renegociar as tarifas consolidadas de importação americanas ou se o governo americano quer uma ampla renegociação de tarifas em geral envolvendo os outros países (Valor Econômico, 17 de junho de 2020).
União Europeia
- A Comissão Europeia apresentou uma proposta para impedir que empresas estrangeiras que receberam doações significativas, empréstimos, créditos fiscais ou outras formas de auxílio estatal adquiram empresas europeias ou concorram com elas por determinados contratos dentro da UE (Valor Econômico, 17 de junho de 2020);
- O Ministério da Alimentação e Agricultura Alemão (BMEL) estabeleceu projetos-pilotos voltados à modernização do agronegócio alemão. A iniciativa implica a destinação de 50 milhões de euros, em três anos, a institutos que desenvolverão pesquisas em associações de produtores locais (Divisão de Promoção do Agronegócio-II (DPA-II) – MRE);
- O Tribunal de Contas Europeu publicou o relatório intitulado “Biodiversity on Farmland: CAP contribution has not halted the decline”, que avaliou a contribuição da Política Agrícola Comum (PAC) para preservação e promoção da biodiversidade na UE e trouxe recomendações para a reforma da PAC e a implementação da nova estratégia para biodiversidade. O relatório afirma que a PAC não teria sido eficiente para deter décadas de perda de biodiversidade na UE. A agricultura intensiva figuraria como uma das principais causas de perda de biodiversidade no bloco. O relatório também recomenda que a Comissão Europeia aprimore a coordenação e o desenho da estratégia para a biodiversidade pós-2020 e acompanhe suas despesas com mais precisão (Divisão de Promoção do Agronegócio-II (DPA-II) – MRE);
- O governo da Alemanha decretou quarentena obrigatória na cidade de Gütersloh na última terça-feira (24). A medida valerá até 30 de junho. É que cerca de 1.500 funcionários de um frigorífico local testaram positivo para a Covid-19. O chamado lockdown vai afetar mais de 500 mil pessoas que vivem na região (Politico, 23 de junho de 2020).
China
- A China eleva o alerta do coronavírus em Pequim. Um grande número de voos dentro e fora da capital foi cancelado. Além disso, comunidades residenciais enfrentarão controles mais rígidos, principalmente no transporte público. A mudança ocorre quando a cidade tenta conter um conjunto de infecções associadas a um mercado atacadista de carne e outros produtos (Valor Econômico, 17 de junho de 2020);
- Segundo importadores e a consultoria “Beef to China”, devido a um novo surto de Covid-19 em mercado de alimentos em Pequim, a Administração-Geral de Aduanas da China implementou, no dia 13 de junho, procedimentos de teste de ácido nucleico para a Covid-19 em carregamentos de produtos alimentícios que chegam em portos chineses (Divisão de Promoção do Agronegócio-II (DPA-II) – MRE);
- As autoridades aduaneiras estão inspecionando todos os contêineres desembarcados em portos chineses que contenham peixe, camarão e carnes. A carga somente é liberada após receber certificado atestando que passou pela inspeção. Todos os alimentos importados somente poderão ser comercializados mediante apresentação de certificado de origem e comprovante de que passaram pelo procedimento de teste para detectar a Covid-19 (Divisão de Promoção do Agronegócio-II (DPA-II) – MRE);
- O Ministério da Agricultura e Assuntos Rurais da China (MARA) publicou, no dia 23 de junho, a nova lista de organismos geneticamente modificados (OMGs) que tiveram certificados de segurança para importação aprovados ou renovados. Os eventos aprovados pela primeira vez foram a variedade de soja resistente a insetos MON-87751(Bayer) e a soja resistente a herbicidas DBN-09004-6 (Beijing Dabei Agricultural Biotechnology). A MON-87751 é a segunda geração da tecnologia Intacta e já foi aprovada para produção e comercialização no Brasil. A DBN-09004-6 foi desenvolvida por empresa chinesa e, segundo informado pelo setor privado, será comercializada na Argentina. Ambos os certificados têm validade até 11 de junho de 2025 (Divisão de Promoção do Agronegócio-II (DPA-II) – MRE);
- Também foram renovadas até 11 de junho de 2025 as autorizações de importação para os seguintes eventos: milhos resistentes a herbicidas MON-87427 (Bayer) e DAS-40278-9 (Corteva); milhos resistentes a insetos 5307 (Syngenta) e MIR-162 (Syngenta); milho resistente a herbicidas e insetos Bt11xGA21 (Syngenta); e soja resistente a herbicidas MON-87705 (Bayer) (Divisão de Promoção do Agronegócio-II (DPA-II) – MRE);
- A nova onda de contaminações em Pequim fez com que as autoridades sanitárias da China adotassem medidas mais restritivas para o setor de alimentos frescos e carne congelada. O governo local também intensificou a fiscalização nos mercados e feiras da capital. No Brasil, a preocupação é que essas novas medidas possam impactar as exportações de proteína animal (Valor, 24 de junho de 2020).
Reino Unido
- O encerramento inconclusivo da quarta rodada negociadora entre o Reino Unido e a União Europeia, somado à perspectiva da nova etapa de tratativas comerciais entre Londres e Washington, nas próximas semanas, voltou a despertar inquietudes entre produtores agropecuários locais que temem que negociadores britânicos aceitem reduzir tarifas e padrões sanitários relativos à importação de produtos agropecuários norte-americanos (Divisão de Promoção do Agronegócio-II (DPA-II) – MRE).
Japão
- As exportações do Japão caíram mais do que o esperado em maio, mostrando os efeitos contínuos da pandemia da Covid-19 no principal mecanismo de crescimento do país. As exportações japonesas recuaram 28,3% no mês de maio, número maior que o registrado no mesmo mês no ano anterior (Valor Econômico, 17 de junho de 2020);
- O Banco Central Japonês expandiu o pacote de ajuda econômica para companhias afetadas pela pandemia para US$ 1 trilhão. O valor inclui compras de títulos corporativos e de papéis comerciais (Valor Econômico, 16 de junho de 2020).
Argentina
- O setor produtivo argentino tem reclamado das ações do atual governo que tem praticado maiores restrições cambiais, aumentando o número de impostos às exportações e expropriações de empresas, como é o caso da trading agrícola Vicentín, que agora faz parte da estatal YPF Agro (Valor Econômico, 17 de junho de 2020);
- O Serviço Nacional de Saúde e Qualidade Agroalimentar da Argentina (Senasa) emitiu um alerta de perigo na fronteira com o Rio Grande do Sul devido ao avanço de uma nuvem de gafanhotos que vem sendo monitorada desde maio pelo país vizinho. A nuvem é oriunda do Paraguai e chegou à província de Santa Fé no dia 17 de junho. As lavouras mais afetadas, até o momento, foram a de milho, mandioca, trigo e aveia, atingindo principalmente os pequenos produtores. Para monitorar e registrar a evolução da praga, foi ativado um protocolo de contingência preparado pelo Senasa, Inta e províncias. O manual de procedimento vigente é o de 2018. Segundo relatos da imprensa, foi também realizada nesta semana uma reunião do Comitê Nacional de Crise para avaliar a situação e as ações a serem tomadas, que contou com a presença do ministro da Agricultura, Pecuária e Pesca, Luis Basterra (Ministério da Agricultura e Pecuária do Brasil – Mapa).
Brasil
- O avanço da Covid-19 no interior do Mato Grosso tem preocupado representantes e trabalhadores do setor agroindustrial. O estado é o maior produtor brasileiro de grãos. As cidades de Sorriso, Nova Mutum e Lucas do Rio Verde já contabilizam mais de 1,1 mil doentes. Os três municípios são importantes polos agrícolas. Os agricultores temem que o aumento de número de casos possa afetar o plantio da segunda safra de milho e de algodão. Medidas de isolamento obrigatório – o chamado lockdown (termo em inglês) também poderão impactar a logística de exportação de grãos. Estudo da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT) projeta que o estado terá mais de 300 mil casos até setembro (Valor, 25 de junho de 2020).
OMC
- De acordo com estatísticas da OMC, o volume de comércio de mercadorias diminuiu 3% em relação ao ano anterior no primeiro trimestre. As estimativas iniciais para o segundo trimestre, quando as medidas de bloqueio associadas à pandemia afetaram uma grande parcela da população global, indicam uma queda ano a ano de cerca de 18,5%. Segundo o diretor-geral, Roberto Azevêdo, “a queda no comércio que estamos vendo agora é historicamente grande – na verdade, seria a mais acentuada já registrada. Mas poderia ter sido muito pior” (OMC);
- As decisões políticas têm sido cruciais para amenizar o golpe contínuo na produção e no comércio e continuarão a desempenhar um papel importante na determinação do ritmo da recuperação econômica. Para que a produção e o comércio se recuperem em 2021, todas as políticas fiscais, monetárias e comerciais precisarão continuar na mesma direção (OMC);
- À luz dos dados comerciais disponíveis para o segundo trimestre, o cenário pessimista da previsão de abril feita pela Organização parece menos provável, pois implicava quedas mais acentuadas no primeiro e no segundo semestre (OMC);
- As perspectivas para a economia global nos próximos dois anos permanecem altamente incertas. O crescimento para o comercio em 2021 pode se aproximar de 5%, o que o deixaria bem abaixo da trajetória pré-pandêmica. Por outro lado, um rápido retorno à sua trajetória antes da pandemia implicaria um crescimento comercial em 2021 em torno de 20% em linha com o cenário otimista da previsão de abril (OMC).
Fonte: Fonte: CONAB