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08/06/2020
A Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil e outras entidades do setor sucroenergético tiveram nesta semana um de seus pleitos atendidos pelo governo federal com a aprovação, pelo BNDES, de uma linha de financiamento de R$ 3 bilhões para a estocagem de etanol.
Esta foi uma das demandas apresentadas pela cadeia produtiva para minimizar os prejuízos da atividade causados pela pandemia. É o que relata o boletim semanal da CNA, que traz os principais acontecimentos do setor de 1º a 5 de junho, tanto no mercado doméstico quanto no cenário internacional.
Espera-se, com a medida, permitir a estocagem de até 6 bilhões de litros, além de reduzir a pressão sobre os preços do etanol e possibilitar sua comercialização futuramente em momentos oportunos. Destaque também para o aumento das exportações de carne bovina, suína e de aves em maio.
CNA, Federações de Agricultura e Pecuária, Conselho do Agro e Frente Parlamentar da Agropecuária se reuniram com o presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia, e a ministra da Agricultura, Tereza Cristina, para discutir medidas de modernização do crédito rural e segurança jurídica para o agro.
No cenário, internacional, o boletim traz as principais medidas desta semana na União Europeia e na China e suas consequências para o Brasil, além de informações do Banco Mundial e da Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO).
Crédito e segurança jurídica
A CNA se reuniu com o presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia, para discutir medidas de modernização do crédito rural e segurança jurídica para os produtores rurais. O encontro contou com a presença de representantes do Conselho do Agro, da Frente Parlamentar Agropecuária (FPA), das Federações de Agricultura e Pecuária, e da ministra da Agricultura, Tereza Cristina. No encontro, a CNA traçou um panorama do crédito rural no Brasil, defendendo propostas que reduzam a taxa de juros do crédito oficial e melhore o ambiente de negócios para atração de recursos privados para o setor.
O presidente da Câmara se comprometeu a criar grupo de trabalho no âmbito do Congresso Nacional dedicados a debater mecanismos que reduzam efetivamente as taxas de juros pagas por produtores.
A CNA se reuniu, ainda, com o secretário de Política Agrícola do Ministério da Agricultura, Eduardo Sampaio, e com o senador Luiz Carlos Heinze para discutir as demandas da entidade para o Plano Agrícola e Pecuário 2020/2021.
Flores e plantas ornamentais
O setor de flores e plantas ornamentais continua com as vendas lentas em função das medidas de isolamento e da proibição de eventos. Na última semana, o setor ampliou as campanhas para o Dia dos Namorados, que tradicionalmente é a segunda melhor data de comercialização do ano.
Para este ano, o setor aguarda uma maior participação das vendas online e por delivery. Entretanto, o montante comercializado ainda deve ficar aquém do registrado em anos normais.
Frutas e hortaliças
Esta semana, a Feira Segura será realizada na capital paulista, no modelo presencial e drive thru. O evento é uma iniciativa do Sistema CNA/Senar para que as feiras livres continuem funcionando e proporcionem menor risco de contaminação da Covid-19 e mais segurança para os feirantes e consumidores.
No Rio Grande do Norte e Ceará, os produtores de melão ampliam os cuidados para evitar a contaminação dos trabalhadores na condução das atividades nas lavouras. Com o início do plantio na região, os produtores preparam protocolos sobre os cuidados para prevenção da Covid-19.
Com demanda retraída e preços deprimidos, os produtores de banana encontram-se descapitalizados e já enfrentam dificuldades para honrar os compromissos financeiros. Com a intensificação da safra em muitas regiões, o preço tende a cair ainda mais a partir de junho.
Já em Santa Catarina, além dos efeitos da pandemia, muitos municípios passaram por déficit hídrico acentuado, que culminou na decretação de situação de emergência. Espera-se que os produtores da região possam acessar as medidas de prorrogação de dívidas anunciadas recentemente.
Enquanto isso, produtores de alface de Mogi das Cruzes (SP), um dos principais polos de produção de folhosas do país, cogitam a conversão da área plantada para outras culturas mais demandadas no inverno, como a couve, em função da retração da demanda e preços baixos desde o início da pandemia.
Commodities agrícolas
O BNDES aprovou esta semana uma linha de financiamento para estocagem de etanol, conforme pleito do setor sucroenergético. Serão disponibilizados R$ 3 bilhões, valor que deve permitir a estocagem de até 6 bilhões de litros de etanol. O objetivo da medida é reduzir a pressão sobre os preços do etanol e viabilizar a comercialização do produto em momento mais oportuno.
Apesar da gradual e leve recuperação dos preços do açúcar e etanol, sustentados pela alta da cotação do petróleo, a situação ainda é crítica e coloca em risco a renovação dos canaviais e o desenvolvimento tecnológico do setor.
No Espírito Santo, para minimizar os impactos da redução da disponibilidade de mão de obra para colheita de café, a Federação da Agricultura e Pecuária do Estado (FAES) e a Cooperativa Agrária dos Cafeicultores de São Gabriel da Palha (Cooabriel) desenvolveram um “Banco de Oportunidades”, facilitando a divulgação de vagas de trabalho entre os produtores e colaboradores.
Aves e Suínos
Como comumente ocorre em períodos de pagamento de salários, a demanda por frango cresceu esta semana no interior de São Paulo. O bom volume de negócios de frangos vivos elevou os preços ao produtor em 13% frente à semana anterior, atingindo um patamar próximo ao praticado antes da pandemia, R$3,40/kg.
Os preços pagos aos suinocultores independentes também registraram alta em algumas regiões. Em relação à semana passada, houve valorização em Santa Catarina (4%) e em Minas Gerais (2%).
Em relação ao mercado externo, as exportações brasileiras de carnes de aves e suínos somaram, em maio de 2020, 372 mil e 90 mil toneladas, respectivamente, com alta de 10,6% e 37% quando comparados ao mesmo período do ano passado. Em faturamento, enquanto para carne de aves houve queda de 17,7% em relação maio de 2019, para a carne suína houve incremento de 60%.
Esta semana o Vietnã habilitou quatro plantas brasileiras para exportação de aves e uma planta de suínos, devendo elevar a demanda internacional.
Lácteos
A retomada gradativa do comércio e das atividades tem contribuído para firmar a demanda por produtos lácteos, o que resultou em um leve aumento no preço do leite pago ao produtor em algumas regiões. Em Minas Gerais, foi registrado aumento de R$ 0,10 pelo litro do leite a ser pago em junho. Além disso, a perspectiva de manutenção da demanda somada ao período de entressafra nos principais estados produtores fez com que o leite spot tivesse um aumento de 22% para a primeira quinzena de junho frente à quinzena anterior, atingindo sua maior cotação desde julho de 2018.
Em Rondônia, alguns laticínios pararam de operar ou reduziram a industrialização. O principal produto comercializado pelos laticínios do estado é o queijo muçarela, que abastece o setor de food service de São Paulo, Paraná e Rio de Janeiro. Assim, a oferta de leite no campo ficou muito acima da demanda, pressionando os preços para baixo, que chegaram, em alguns casos, a R$ 0,70/Litro. Diante desse cenário, os produtores estão se mobilizando para reduzir a produção e reativar o Conseleite do estado que está inativo desde janeiro de 2019.
Boi Gordo
A oferta restrita de boi gordo segue mantendo as negociações com os frigoríficos acima de R$ 200,00/@ em São Paulo. Os cortes do dianteiro tiveram uma valorização em relação aos dos traseiros, equilibrando o preço médio do boi e mantendo o consumo e disponibilidade à população.
Em relação às exportações, a demanda aquecida principalmente do mercado chinês resultou em um aumento de 27% em volume e faturamento dos embarques de carne in natura na comparação entre maio e abril de 2020. Quando comparado a maio de 2019, o volume foi 37,23% superior, enquanto o faturamento se elevou em 55,66%, refletindo a atual cotação do dólar.
O foco de febre aftosa que afetou a China esta semana deixou o mercado atento a um possível aumento da demanda chinesa por proteína, em caso de expansão da região afetada. Nos EUA, a maior parte das plantas frigoríficas já retornou às operações após o fechamento devido ao Covid-19.
No Brasil, o Marfrig anunciou a assinatura de um Termo de Ajuste de Conduta com o Ministério Público do Trabalho para continuar suas operações, comprometendo-se a adotar medidas preventivas para garantir mais proteção contra a Covid-19 aos trabalhadores.
Fonte: Fonte: Conab