A cana-de-açúcar é uma das principais culturas para a produção de bioenergia, e consequentemente uma alternativa para mitigarmos o aquecimento global e as mudanças climáticas. No entanto, a sustentabilidade da expansão e cultivo da cana-de-açúcar ainda é um tema bastante debatido internacionalmente.
Neste contexto, pesquisadores brasileiros acabaram de publicar um artigo na revista Land (https://www.mdpi.com/2073-445X/10/1/720), em um número especial dedicado ao tema Bioenergy and Land que traz uma importante contribuição brasileira para desmitificar o assunto e ajudar a mostrar a realidade da produção de cana-de-açúcar no Brasil.
“Neste trabalho demonstramos quais as estratégias de mudança de uso da terra mais sustentáveis para a expansão da cultura, bem com as práticas de manejo conservacionistas (colheita sem queima, preparo reduzido do solo, manejo racional da palha, boas práticas de adubação e reciclagem de resíduos orgânicos) que têm sido utilizadas pela maioria dos produtores brasileiros. Além disso, enfatizamos a importância de políticas públicas que fomentem a produção de bioenergia no país, tal como o RenovaBio”, aponta o professor Maurício Roberto Cherubin, do departamento de Ciência do Solo da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq/USP), autor do artigo
O artigo tem como co-autoria da professora Glaucia M. Souza, do Instituto de Química da USP, que ressalta a evolução impressionante da produção de bioenergia derivada de cana-de-açúcar sem que haja significante aumento de área nos últimos anos. “Isso é reflexo não somente do aumento da produtividade no campo, mas também do aumento de eficiência na produção de bioenergia na indústria”. O estudo mostra a excelente performance da cana-de-açúcar por meio de diversos indicadores de sustentabilidade. “Destaca-se ainda as perspectivas de expansão do etanol de cana-de-açúcar para outros países da América Latina e da África subsaariana”, comenta Heitor Cantarella, pesquisador do IAC e coautor do artigo. “Essas discussões são altamente relevantes hoje, pois a bioenergia parece estar perdendo espaço no debate internacional”, completa Cantarella.
A elaboração do artigo contou ainda com a participação do Prof. Carlos Eduardo Pelegrino Cerri da Esalq/USP, João L. N Carvalho do LNBR/CNPEM e do Prof. Luiz A. Horta Nogueira, do NIPE/Unicamp.